Vila Franca do Campo e Água de Pau vão acolher milhares de devotos
São Miguel vai estar em festa este mês de agosto com milhares de emigrantes que regressam à ilha para participar nas festas do Senhor da Pedra e de Nossa Senhora dos Anjos, em Vila Franca do Campo e Água de Pau, respetivamente.
A Festa do Senhor da Pedra, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo realiza-se de 24 a 31 de agosto e será presidida pelo bispo de Angra, D. João Lavrador.
Já a festa de Nossa Senhora dos Anjos, que tem como ponto alto o dia 15 de agosto, com a missa solene e a tradicional procissão, será presidida pelo ex reitor do Santuário de Fátima, Monsenhor Luciano Guerra.
Esta Festa é uma das maiores da ilha de São Miguel congregando milhares de emigrantes, muitos deles oriundos da Bermuda, que se juntam para viver a solenidade da Assunção de Maria aos Céus, que a igreja católica assinala a 15 de agosto.
A festa que é uma organização da Paróquia conta, também, com o envolvimento de todas as forças vivas da freguesia em especial os movimentos e grupos associados à comunidade religiosa de Água de Pau, que desenvolvem durante mais de uma semana um vasto programa cívico, cultural e religioso desde concertos de música, teatro, exposições, lançamentos de livros, entre outros.
Durante a procissão solene, no dia 15 à tarde, a imagem da Senhora dos Anjos, juntamente com mais 13 andores enfeitados pelas famílias da comunidade, percorre as principais ruas da freguesia e vai recebendo ofertas em dinheiro, atirado em argolas, decoradas com flores, que são enfiadas no braço da imagem que está erguido na vertical. Além deste gesto, é também prática comum enfeitarem-se as janelas e as ruas com flores naturais.
A festa termina no dia 17 com o sermão de despedida à meia noite.
Uma semana depois começam as festas do Senhor da Pedra no concelho vizinho da costa sul de São Miguel. O primeiro ponto alto acontece no sábado, dia 27 de agosto, com a Procissão da mudança da imagem da igreja da Misericórdia para a Igreja Matriz de Vila Franca e no domingo, a Eucaristia e a Procissão solenes, que serão presididas pelo bispo de Angra.
Trata-se de uma festa que extravasa o âmbito concelhio e chama a Vila Franca inúmeros cristãos, inclusive da diáspora.
A Procissão da mudança da Imagem do Senhor Bom Jesus da Pedra da igreja da Misericórdia para a igreja da Matriz, será seguida de uma celebração da Palavra, por D. João Lavrador e a imagem ficará até ao dia seguinte nesta igreja, onde até á meia noite os fieis permanecem em vigília. No domingo celebra-se a Eucaristia e às 18h00 sairá a procissão solene pelas principais ruas da Vila.
Não é fácil precisar em que altura começou este culto e estas festas. Sobre a imagem há uma lenda que diz que deu à costa, dentro de uma caixa de madeira, na praia do Corpo Santo, em data desconhecida. As duas imagens – a primitiva e a actual – representam a imagem do “Ecce Homo”, o Cristo coroado de espinhos, sentado numa pedra.
As festas em honra do Senhor Bom Jesus da Pedra estão, desde sempre, a cargo da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo e realizam-se no último domingo de Agosto de cada ano, pelo menos desde 1903, data da autorização do Papa Leão XIII para que estas festividades fossem reconhecidas.
“O Santo Padre o Papa Leão XIII, atendendo às humildes suplicas, concede o privilégio, a partir do dia de hoje, de se poder celebrar, com pompa sagrada exterior, no Domingo, a Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Coroado de Espinhos, como vem no apêndice do Missal Romano, na sexta-feira depois das Cinzas”, lê-se no documento da Sagrada Congregação dos Ritos.
A Misericórdia da Vila, como é conhecida, é uma das mais antigas da diocese de Angra, datando de 1551 ou 1552, altura em que se deu a fundação da Confraria da Misericórdia que haveria de incorporar todos os bens e obrigações da primitiva confraria do Espírito Santo.
Foi também nessa ápoca que a Misericórdia, depois de ter a funcionar o hospital, construiu a sua Capela, naquele que é o principal complexo arquitetónico de Vila Franca do Campo – igreja, hospital, consistório e farmácia – o coração da Santa Casa, onde se tratavam os doentes e se administrava a Irmandade.