XIII Grandes Festas do Espirito Santo realizam-se este fim de semana em Ponta Delgada
Renato Cordeiro, deputado no parlamento dos Açores, veste nas horas vagas o fato de agricultor, papel em que estreia no sábado, no cortejo das festas do Espírito Santo, em Ponta Delgada, Açores, os bois Brilhante e Diamante.
“A agricultura para mim é mais do que um passatempo, é mesmo amor. O rendimento que tiro disto é praticamente nenhum, mas não me vejo sem isto”, disse hoje Renato Cordeiro à agência Lusa.
Os bois Brilhante e Diamante, da raça autóctone Ramo Grande e nascidos na ilha de São Jorge, fizeram um ano em março e, embora já tenham participado em três festas do Espírito Santo, em freguesias do concelho de Ponta Delgada, vão, pela primeira vez, desfilar no cortejo da avenida marginal na maior cidade dos Açores, evento que atrai anualmente milhares de pessoas.
A introdução do culto ao Espírito Santo remonta ao tempo do povoamento das ilhas e, até domingo, as festividades são revividas em Ponta Delgada, numa organização do município, que reunirá 85 coroas e igual número de bandeiras, servirá 13 mil sopas gratuitamente e acolherá um desfile etnográfico na avenida marginal, no sábado, com mais de mil figurantes e 36 carros de bois.
O parlamentar do PSD explicou que a paixão pela agricultura remonta aos tempos da escola primária, recordando que quando agora folheia os cadernos descobre nos cantos das folhas “um boi desenhado, um carro de bois ou uma carroça”.
Hoje, para o deputado, proprietário de uma pequena exploração, esta atividade é, também, uma forma de ver a realidade no setor agrícola.
“É uma forma de sentir na pele o que os outros sentem, as dificuldades dos preços, as dificuldades na valorização dos produtos, colocar-me na realidade dos outros”, adiantou Renato Cordeiro, explicando que “a agricultura é uma tradição familiar”, embora dos três irmãos seja o único ligado ao setor.
Sobre o cortejo de Ponta Delgada, o deputado referiu que se trata de um ambiente diferente das festividades em meios rurais.
“É uma rua direita, tem pessoas de um lado e do outro. Quando saímos nas freguesias não é bem assim, há foguetes, as nossas roqueiras, há trânsito a circular e pessoas que se aproximam muito”, referiu o engenheiro zootécnico, de 40 anos.
Renato Cordeiro considerou que foi “muito graças ao reavivar destas festas” do Espírito Santo, em Ponta Delgada, por iniciativa da Câmara Municipal, em 2004, que o gosto de recuperar as ‘chavelhas’ (adornos utilizados pelos bois com símbolos do Espírito Santo), carros feitos em vimes e a criação de animais “não se perdeu”.
Embora já tenha tido várias juntas de bois, o deputado na Assembleia Legislativa Regional explicou que a preparação dos animais faz-se diariamente e “não se ensina a medo, mas à confiança”, porque é estabelecida uma relação mútua de confiança entre dono e animal.
Para Renato Cordeiro, que conta com a ajuda do pai e do sogro para tratar dos animais quando o trabalho parlamentar o obriga a viajar para fora da ilha de São Miguel, onde habita, era importante que esta atividade ligada aos bois e às tradições culturais locais fossem melhor aproveitadas pelo setor turístico e que as agências levassem os turistas aos locais certos.
“No sábado saí (com os bois Brilhante e Diamante) nas Sete Cidades, freguesia que tem duas juntas de bois. É um sítio onde se pode aproveitar ao máximo a sua existência para os turistas verem e darem um passeio”, defendeu o deputado social-democrata.
(Com Lusa)