Por Renato Moura
D. António de Sousa Braga será homenageado no dia 30, quando se completam 20 anos sobre a ordenação episcopal. Um acto de profunda justiça para com o Bispo dos Açores, cujas atitudes pastorais e pessoais constituem verdadeiras lições para o clero e para os leigos.
Estando fora dos Açores, sem pretender historiar nem esgotar o realce, aproveito para aqui deixar registadas algumas lições que directamente pude observar, admirar e recolher.
D. António sendo um homem culto, comportava-se como um cidadão comum no convívio com os concidadãos, com humildade e abertura que eram exemplo de como Jesus foi. Ouvia todos com profundo respeito e procurava retirar utilidade das opiniões sobre todos os assuntos, mesmo que divergissem das teorias que lhe tinham sido transmitidas pelos supostos detentores do conhecimento e da realidade. Profundamente bondoso, não merecia que aqueles em quem confiou o obrigassem a ver-se confrontado com problemas complexos, ou a ficar à margem do que tinha o direito de conhecer com a verdade toda.
Cultivou uma marcante proximidade com as pessoas e as comunidades, revelou enorme capacidade de diálogo com as organizações de toda a área social e também com as instituições políticas, respeitou e apreciou as tradições religiosas, mas também as manifestações culturais profanas. Sempre soube afirmar a Igreja como o melhor exemplo de unidade entre as ilhas.
No que pude constatar no trato com o clero, a posição na hierarquia não lhe retirou a postura de irmandade e na relação com os membros que dirigiam as instituições tuteladas pela Diocese sempre notei postura de enorme respeito, solidariedade e admiração pelo trabalho realizado e para com os respectivos trabalhadores atitude de paternal afecto.
Homem bondoso que brota afabilidade natural em cada gesto e em todas as circunstâncias, demonstrava convincente gosto em receber no Paço Episcopal. Não prestigiava o clero mais que os leigos e dentre estes aceitava a situação de cada qual com o mesmo respeito.
Demonstrou que não era bispo por honra ou presunção, mas por serviço e por isso atempadamente se disponibilizou por pedir a resignação e dar lugar a outro com menos idade.
A aceitação paciente perante a doença revelou bem a sua fé profunda. A recuperação da saúde permitirá que dele não fiquem apenas as lições e os exemplos, mas que continue a servir a Igreja como um pensador da mensagem divina, um promotor da fraternidade, um construtor da solidariedade e um combatente pela justiça. Bem haja e que Deus lhe dê vida e saúde.