Pe Paulo Borges sublinha que os cristãos não devem perder de vista “manancial concreto de espiritualidade” de Jesus Cristo

Sacerdote falou ontem para jovens do Grupo GPS, numa iniciativa da pastoral juvenil em Ponta Delgada

A busca de novas respostas para experimentar “uma espiritualidade aberta e libertadora” que faça e dê sentido à vida não constitui um problema, mas os cristãos têm o dever de “não perder de vista o manancial de espiritualidade concreta que Jesus Cristo nos apresenta”, disse esta terça feira à noite o Pe Paulo Borges numa sessão sobre espiritualidade promovida pelo grupo de jovens Pós Shalom GPS.

A iniciativa, inserida no âmbito das actividades da pastoral juvenil na ilha de São Miguel, realizou-se em Ponta Delgada e durante mais de uma hora o sacerdote explicou o sentido da espiritualidade e deixou pistas para uma espiritualidade assente em Cristo.

“O bricolage religioso”, fruto dos tempos modernos, “não é um problema”; no entanto, os cristãos devem “manter-se centrados no que é essencial e o que Jesus nos oferece é o essencial”, disse o capelão do Hospital do Divino Espírito Santo.

“Os `novos ginásios do espírito´ propõem técnicas de ativação das energias inconscientes propiciando o êxtase místico, a comunhão cósmica num perfeito desapego da subjetividade humana e da alteridade de Deus “ referiu o sacerdote sublinhando que “a religião está sempre em perigo, engana-se com frequência no destinatário e tanto pode assumir as formas mais belas, como as mais reprováveis”. Por isso, conclui, é preciso “não ter medo do diálogo” porque nele “a identidade autêntica sai enriquecida”.

Durante mais de uma hora, o sacerdote percorreu o conceito de espiritualidade- “que tem a ver com uma decisão de sair de mim em busca do outro desde a natureza ao transcendente”-; percorreu as várias fases da história da humanidade para sublinhar a articulação entre conceitos e práticas para chegar à noção da espiritualidade cristã, que deve ser “saudável, aberta, libertadora e holística”.

“O mistério da encarnação remete-nos para tudo isto” referiu o Pe Paulo Borges, porque tudo o que é encarnado “faz referência à minha própria realidade e condição”.

Ao contrário da ciência, “que destronou o Deus da revelação”, os cristãos devem manter a sua espiritualidade e a fé no transcendente: “ter fé é não precisar de ter provas cientificas; não preciso delas para poder acreditar” disse o sacerdote precisando que “é esta espiritualidade que marca os cristãos”.

Por outro lado, socorrendo-se da parábola dos três aneis, que conta a história de um pai que tendo um anel original o replicou para que nenhum dos seus filhos se sentisse preterido e o pudesse receber sem saber se ele era ou não o original, também os cristãos não devem avaliar a sua espiritualidade comparando-a com a de outros. Para o sacerdote o que é importante é saber o que é que cada um faz com a sua espiritualidade e de que forma se torna um homem bom, à imagem e semelhança de Jesus.

O Pe Paulo Borges lembrou que “o grande drama do Ocidente foi ter esquecido o sentido do sagrado”.

“Agora, com o interesse pelo oculto, pelo misterioso, pelo exotérico, pelas manifestações da religiosidade difusa, espalhou-se a convicção de que os deuses tinham regressado (Nova Era). No atual processo de recomposição da linguagem da fé e do mundo interior, pretende-se fazer crer que a palavra de Deus que interroga a nossa responsabilidade pela desumanidade do mundo vai deixar de fazer sentido” disse o sacerdote, que é também o responsável pela Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde.

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