D. João Lavrador fez a primeira de três apresentações do último documento do Papa Francisco sobre a família
O Salão do Seminário Episcopal de Angra acolheu esta noite cerca de 200 pessoas que quiseram ouvir a apresentação da Exortação pós sinodal “A Alegria do Amor”, do Papa Francisco.
“Esta moldura humana mostra bem que temos uma igreja viva que quer conhecer os dinamismos da igreja que o Papa Francisco quer imprimir, nomeadamente a partir da família”, disse o D. João Lavrador.
“E, eu penso que há uma sede interior de reconduzir a família ao que deve ser” na história da sociedade e na vivência comunitária, disse o prelado.
“Perante as situações que todos nós conhecemos, as pessoas têm uma avidez de saber como podem devolver à família a sua dignidade original para reencontrar o lugar decisivo que lhe está reservado na vida da igreja e da sociedade”, acrescentou.
Sobre o documento em si, e durante a apresentação, D. João Lavrador sublinhou que como “Como visão geral” encontramo-nos com um texto do pontificado do Papa Francisco que se nos apresenta “como novidade na continuidade”.
“Encontramos a novidade no seu estilo muito próximo e numa linguagem muito simples e compreensível que realça a mão de pastor que a escreveu; deparamo-nos igualmente com a novidade da análise da realidade que é focada amplamente que nos atrai para alguém que conhece exaustivamente a realidade familiar; a novidade transparece também pela atitude acolhimento de discernimento e acompanhamento através da misericórdia”, disse o prelado.
A continuidade situa-se na “sua base doutrinal que não poderá ser outra que a Palavra de Deus, o Magistério vivo da Igreja e nomeadamente a doutrina conciliar do Vaticano II”, afirmou ainda, sublinhando que estamos perante “um hino à beleza do amor no matrimónio e na família”.
O bispod e Angra lembrou o clima de expetativa gerado em torno do documento: “Esta Exortação Pos-sinodal foi dos documentos mais aguardados, seja pela opinião pública, seja pelas realidades prementes a exigir clarificação e orientação pastoral” para frisar que “se a primeira, provavelmente ficou desiludida, já a segunda pode colher neste texto um itinerário amplo e profundo sobre uma verdadeira pastoral familiar”.
Destacou que o Papa Francisco “desloca o objectivo de proposta novas em termos doutrinais, mas sobretudo insiste no método pastoral de acolhimento, de misericórdia, de discernimento e de acompanhamento”. E para o futuro, diz, “há exigência a que devemos atender”. Desde logo, a preparação para o matrimónio que “deve ser mais aprofundada e deve acompanhar a vida dos jovens e sobretudo dos namorados” exige-se uma formação “capaz de consciencializar para o sacramento e para as exigências da vida matrimonial”, naquela que é uma verdadeira experiência de iniciação cristã.
No que diz respeito à celebração, refere D. João Lavrador, o Santo Padre insiste na preparação e numa digna e participada celebração.
“É notória a exigência de acompanhar os casais mais novos através de grupos, movimentos de espiritualidade e sobretudo os que manifestam dificuldades de diversa ordem”, conclui o prelado.
“Todo o documento está envolvido pelo que o texto denomina de Evangelho da Familia e assenta a reflexão na Palavra de Deus e na atitude de Jesus Cristo sobre a Familia”, sublinha ainda.
Esta iniciativa foi organizada pelo Serviço da Pastoral Familiar na ilha Terceira, reunindo vários movimentos ligados à família, desde o Movimento dos Cursilhos de Cristandade às Equipas de Nossa Senhora.
Por isso, e tal como aconteceu nas duas assembleias sinodais, o formato desta apresentação permitiu, além do debate que é comum nestas ocasiões, a apresentação de um testemunho de um casal leigo sobre este documento.
“Este documento é um desafio porque o papa fala do amor apontando-o como a base do bem estar da família e isto não é idílico porque são os gestos de carinho, a delicadeza, a forma como nos entendemos que fazem o nosso dia a dia” disse Fernanda Goulart que juntamente como marido, Francisco, casados há 39 anos, fizeram uma leitura em casal do documento.
“É um verdadeiro hino ao amor e ao citar a Primeira Carta aos Coríntios 14, sublinhando a importância da calma, da humildade, da serenidade, da compreensão, o Papa está a dizer-nos que temos de parar e ver estas virtudes que são indispensáveis para a vivência conjugal” referiu.
“Hoje infelizmente- e até por motivos materiais- os jovens não têm tempo e isso faz com que adiem e recusem de certa forma a constituição da família”, admitiu por outro lado.
Esta foi a primeira sessão de apresentação pública da Exortação pós sinodal do Papa pelo Bispo de Angra que repetirá o encontro com leigos no dia 18 de maio, na Lagoa, na ilha de São Miguel, e depois no dia 1 de junho na Horta.