Francisco fala em «consequências trágicas» das desigualdades sociais e pede defesa dos excluídos e vítimas da fome.
O Papa Francisco escreveu aos participantes no 44.º Fórum Económico Mundial, que se vai iniciar esta quarta-feira na cidade suíça de Davos, pedindo uma ação conjunta em favor dos excluídos, refugiados e vítimas da fome.
“Os objetivos concretizados, ainda que tenham reduzido a pobreza de um grande número de pessoas, foram muitas vezes acompanhados por uma ampla exclusão social e, de facto, a maior parte dos homens e mulheres continuam hoje a experimentar a insegurança quotidiana, não raramente com consequências trágicas”, assinala o Papa, num texto divulgado hoje pelo Vaticano.
A mensagem é dirigida a Klaus Schwab, presidente executivo do Fórum, que tem este ano como tema ‘Reforma do Mundo: consequências para a Sociedade, Política e Negócios’.
Segundo o Papa, não se pode “tolerar” que milhares de pessoas “morram de fome todos os dias, apesar de estarem disponíveis enormes quantidades de alimentos que são simplesmente desperdiçadas”.
Francisco sublinha ainda que ninguém deve “ficar indiferente” perante os refugiados que procuram “condições de vida minimamente dignas” e que muitas vezes “vão ao encontro da morte, em viagens desumanas”.
“Sei que estas são palavras fortes, mesmo dramáticas, mas ao mesmo tempo querem reafirmar e desafiar a capacidade deste Fórum para marcar a diferença”, escreve.
A mensagem papal deixa votos de que este encontro constitua ocasião para uma “reflexão mais aprofundada sobre as causas da crise económica” no mundo.
O Fórum vai acolher mais de 40 chefes de Estado e um total de mais de 2600 convidados, até sábado.
Segundo o Papa, a política e a economia devem promover “uma abordagem inclusiva que leve em consideração a dignidade de cada pessoa humana e do bem comum”.
Para isso, acrescenta, é necessário “um renovado sentido de responsabilidade” para “servir com mais eficácia o bem comum e tornar os bens deste mundo mais acessíveis a todos”.
Francisco cita a encíclica ‘Caritas in veritate’ do seu predecessor, Bento XVI, para sublinhar a necessidade de uma “visão transcendente da pessoa” que possas sustentar uma “distribuição mais equitativa da riqueza”, a “criação de oportunidades de trabalho” e uma “promoção integral dos pobres que supere o mero assistencialismo”.
“Peço-vos que vos esforceis para que a humanidade se sirva da riqueza e não seja governada por ela”, conclui.
Entre os representantes religiosos presentes em Davo está o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (Santa Sé), cardeal Peter Turkson, que leu a mensagem do Papa, acompanhado pelos cardeais John Onayekan (Nigéria) e Luis Antonio Tagle (Filipinas) e o arcebispo irlandês Diarmuid Martin.