Francisco alerta para consequências do «clericalismo»
O Papa apelou a um maior protagonismo dos leigos na vida da Igreja Católica, numa mensagem divulgado hoje pelo Vaticano, e alertou ainda para as consequências do “clericalismo”.
“Faz-nos bem recordar que a Igreja não é uma elite dos sacerdotes, dos consagrados, dos bispos, mas que todos formamos o santo povo fiel de Deus. Esquecermo-nos disto acarreta vários riscos e deformações”, assinala, numa carta enviada ao presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina (CAL).
Francisco recorda o encontro que teve com a assembleia plenária da CAL, em março, sobre a importância do compromisso dos leigos na vida pública.
O Papa alude a uma “famosa expressão”, ‘esta é a hora dos leigos’, e diz a este respeito que “parece que o relógio parou”.
O pontífice argentino entende que a Igreja gerou uma “elite laical”, na qual apenas se consideram leigos “comprometidos” aqueles que “trabalham em coisas ‘dos padres’”.
“Muitas vezes caímos na tentação de pensar que o leigo comprometido é aquele que trabalha nas obras da Igreja, nas coisas da paróquia ou da diocese, e pouco refletimos como acompanhar um batizado na sua vida pública e diária”, lamenta.
A mensagem observa, por isso, que é necessário combater o “clericalismo”, que leva quem não seguiu a vida religiosa ou sacerdotal “como ‘mandatário’” e “coarta as diferentes iniciativas” e mesmo “ousadias necessárias para poder levar a Boa Nova do Evangelho a todos os âmbitos da atividade social e, especialmente, política”.
Francisco dá como bom exemplo o caminho seguido na América Latina naquilo que define como “pastoral popular”, ajudando as pessoas a viver a sua fé “no aqui e no agora”.
Esta pastoral popular, prossegue, implica “uma ação que não fica ligada à esfera íntima da pessoa, mas que, pelo contrário, se transforma em cultura”.
(Com Ecclesia)