Maria Rita tem 24 anos, é professora de educação física. Dentro de um mês deixará de ser um mulher comum para iniciar uma vida dedicada em exclusivo ao serviço de Deus
Maria Rita Ornelas vai ser a primeira jovem açoriana, natural da paróquia da Sé, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, no espaço de 20 anos a optar pela vida religiosa consagrada, apurou o Portal da Diocese.
A caminhada inicia-se no próximo mês de outubro com a entrada desta professora de educação física, coim 24 anos de idade, na Casa da Congregação das Servas de Nossa Senhora, no Largo de São Mamede em Lisboa.
Nascida na ilha Terceira e tendo sido criada no coração da cidade património, onde fez toda a formação catequética até ao sacramento do Crisma, na Sé de Angra, Maria Rita diz que é “uma mulher feliz” que apenas procura “uma verdadeira realização”.
“Eu quero ser serva de Deus não quero apenas fazer coisas , ser boazinha ou ajudar os outros… quero estar a tempo inteiro ao seu serviço. A diferença entre fazer e ser é, talvez, a fronteira que separa a minha vida até aqui e daqui para a frente”, diz esta jovem que vive em Lisboa e tem “uma vida feliz e muito cheia”. De amigos, de realizações, de afetos e de vivências.
Desde cedo que se comprometeu com a igreja. A primeira experiência “decisiva” para esta opção foi na comunidade ecuménica de Taizé, em França, no ano em que fez o sacramento do Crisma, ainda a residir nos Açores..Com a partida para Lisboa, para estudar, “afastou-se mais” e até teve “dúvidas” mas o voluntariado reaproximou-a do caminho de Deus e durante dois anos seguidos destinou o mês de agosto a missões de voluntariado em São Tomé e Príncipe.
“Foi uma experiência determinante: já estava ao serviço de uma causa e tinha um enorme desejo de ser testemunha de Jesus e a única maneira que eu encontro para o ser é através desta entrega”, sublinha Maria Rita como que a antecipar a pergunta sobre o porquê desta opção.
“A minha primeira pergunta foi outra: qual é a minha missão nesta vida e isso levou-me a um discernimento vocacional, primeiro com o meu diretor espiritual na paróquia que frequento e depois com as Servas de Nossa Senhora porque me identifico muito com o carisma desta congregação”, remata de forma decidida.
Em outubro entra para a Casa onde vai viver com as irmãs, embora sem vínculo à Congregação. “Vim de ver” é a etapa que durante um ano terá de percorrer desenvolvendo trabalho pastoral ao serviço e, em junho do próximo ano, iniciará dois anos de noviciado; só depois fará ou votos temporários, válidos por três anos.
“Tenho absoluta liberdade para decidir e não quero prescindir desta liberdade mas o meu coração já está decidido e sinto que este é o meu caminho não por vontade própria mas porque sinto que fui chamada por Deus” sublinha Maria Rita.
Para trás deixa uma vida de família com mais três irmãos, uma delas gémea.
“É, sem dúvida, a pessoa que melhor compreende esta decisão porque acompanhou todo o processo e sabia que este seria o desfecho”, diz a futura Serva de Nossa Senhora de Fátima.
“Os pais entendem, respeitam e apoiam mas naturalmente que ficaram um pouco chocados porque é, de alguma forma, o fim dos sonhos que tiveram para mim: ter um curso, casar, ter filhos… mas estão comigo”, embora reconheça “que vai demorar o seu tempo habituarem-se à ideia”.
“Não tenho dúvidas de que vou deixar muita coisa para trás, coisas que fazia com regularidade mas o facto de me entregar a Jesus deixa-me muito confiante e cada vez que me vier à mente esse pensamento vou lembrar-me de que foi por Ele que tomei esta opção e tenho a certeza de que vou ser feliz”.
As Servas de Nossa Senhora de Fátima foram fundadas em 1923 por Luíza Andaluz, em Santarém. Atualmente as 189 irmãs, estão presentes em oito dioceses portuguesas- Beja, Lamego, Leiria-Fátima, Santarém, Setúbal, Guarda, Coimbra e Aveiro- e espalhadas por sete países – Portugal, Guiné Bissau, Brasil, Angola Moçambique, Bélgica e Luxemburgo.
O Carisma e a Missão é essencialmente apostólico-pastoral, com dimensão contemplativa na ação.
A vida pastoral da Congregação, em virtude do seu carisma, realiza-se na Igreja, com a Igreja e pela Igreja em comunhão com o Papa, expressa pelo voto de obediência da Superiora Geral, no dia da eleição.
A relação que a Congregação estabelece com os Bispos das Dioceses onde trabalha, tem sempre como lema “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim, segundo a vossa Palavra” o que manifesta o desejo de cada serva viver o seu compromisso no ministério redentor, como Maria, Mãe de Cristo Sacerdote.