A “morte anunciada” da Europa deve-se à “vergonha que revela em relação aos seus valores”

D. João Lavrador lançou livro “A Igreja em diálogo com o mundo” na ilha do Faial

A sala do polivalente dos Flamengos, na ilha do Faial, onde este domingo da Divina Misericórdia será dedicada a nova igreja, foi pequena para acolher os inúmeros faialenses que quiseram estar presentes no sarau músico-literário onde se integrou o lançamento do livro “A Igreja em diálogo com o mundo”, da autoria do novo bispo de Angra.

O prelado explicou o “itinerário” deste livro e deixou uma chave para a sua leitura.

“O mundo dá-nos acontecimentos, que são sinais de Deus, e pede-nos para refletirmos sobre eles, interpretá-los e depois agir sobre eles e foi isso que eu procurei fazer ao longo deste livro que, no fundo, não apresenta os acontecimentos de uma forma explicita mas uma interpretação deles a partir dos documentos fundamentais da igreja”, referiu D. João Lavrador.

O novo prelado, que já tinha apresentado o livro em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada, insistiu na ideia de que a igreja deve estar inserida no mundo, ao estilo daquilo que recomendava o Concílio Vaticano II, deve ouvir o que o mundo tem para dizer e deve dar ao mundo aqueles que são os seus princípios basilares, assentes na Doutrina Social da Igreja.

“Todos os acontecimentos são sinais de Deus e nós não os podemos ignorar” disse D. João Lavrador destacando que há alguns “que são mais difíceis de interpretar mas também esses são desafios de Deus à sua Igreja”.

Entre eles está o problema da Europa que “teimosamente não gosta do que é e vai morrer sem gostar do que foi porque tem vergonha do seu passado e renegou os seus valores”, disse ainda o prelado.

D. João Lavrador falou ainda dos Papas que atravessaram o período entre o Concilio Vaticano II e os dias de hoje para reforçar a sua admiração por Francisco mas deixando uma ressalva: “o papa está a chamar-nos para o palco da vida; não o admiremos apenas nem fiquemos a bater palmas na plateia; imitemo-lo e sigamos tudo aquilo que ele faz porque está na nossa dianteira e vai abrindo o caminho que nós temos a obrigação de sedimentar”, referiu.

O lançamento do livro de D. João Lavrador realizou-se no âmbito do programa celebrativo da inauguração da nova igreja paroquial dos Flamengos, reconstruída 18 anos depois do sismo que abalou as ilhas do Faial, Pico e São Jorge, em 1998, destruindo grande parte do património religioso edificado, sobretudo no Faial.

Esta obra, feita com donativos da comunidade faialense e um empréstimo contraído pela paróquia ao abrigo de um protocolo com o Governo Regional, custou cerca de 1,5 milhões de euros e foi a primeira de quatro a serem totalmente reconstruídas.

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