Jejum e adoração da cruz marcam celebrações em dia sem Missa
A Sexta-feira Santa, que evoca hoje a morte de Jesus, é um dia de jejum para os fiéis católicos, que não celebram a Missa, mas uma cerimónia com a apresentação e adoração da cruz.
Este é um dia alitúrgico, no qual os fiéis podem comungar na celebração que decorre durante a tarde, perto da hora em que se acredita que Jesus terá morrido, nas igrejas desnudadas desde a noite anterior.
O frei Filipe Rodrigues, da Ordem dos Pregadores, destaca a Sexta-feira Santa como um dia em que os cristãos são convidados a traduzir para a sua vida, para a sua realidade, o significado da morte e da entrega de Cristo.
“Não é irmos ao passado fazer uma espécie de teatro sobre o que aconteceu há dois mil anos, é atualizar no hoje, em 2016, aquilo que aconteceu com tudo o que se traduz neste caso, na sexta-feira santa, em paixão e sofrimento”, frisa o dominicano, que recorda a “ligação entre o que se passou com Jesus e o que se passa” no mundo atual.
Todos os pobres, os injustiçados, os refugiados e deslocados, aqueles que não têm pão, nem casa ou emprego são “os crucificados de hoje”, aponta o frei Filipe Rodrigues.
A parte inicial da celebração, Liturgia da Palavra, tem um dos elementos mais antigos da Sexta-feira Santa, que é a grande oração universal, com dez intenções que procuram abranger todas as necessidades e todas as realidades da humanidade, rezando pelos seus governantes, pela unidade entre os cristãos, pelos que não têm fé ou os judeus, entre outros.
A adoração à cruz e os vários momentos de oração apresentam-se como momentos de penitência e de pedido de perdão.
O sacerdote que preside à celebração está paramentado com a cor vermelha, que a liturgia católica associa aos mártires.
Ao final do dia, decorrem em muitos locais as procissões do enterro do Senhor e a via-sacra, que reproduz os momentos da prisão, julgamento e execução de Jesus.
Segundo o frei Filipe Rodrigues, todas essas iniciativas, como as “recriações da Paixão, as vias-sacras, as Procissões do Encontro e do Senhor Morto” dão “expressão à religiosidade” das pessoas, “àquilo que de mais puro e bonito há na celebração e nas próprias aldeias e comunidades cristãs”
“Estes atos de piedade, estas devoções que se fazem, são muito mais numerosas do que as próprias celebrações do Tríduo Pascal, e são também um meio de evangelização”, complementa o dominicano.
O Sábado Santo, tal como a sexta-feira, é um dia alitúrgico, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, considerado como o dia do ‘grande silêncio’.
A Vigília Pascal, que se celebra nas últimas horas deste dia, está ligada ao domingo e à festa da ressurreição de Jesus, representando o momento mais importante do calendário litúrgico da Igreja Católica.
Um momento que transporta consigo como que uma “libertação”, em que cada pessoa encontra um “foco de esperança” baseado na “ressurreição de Jesus”, frisa o frei Filipe Rodrigues.
(Com Ecclesia)