Pelo Pe Teodoro Medeiros
Festival de Cinema sobre a temática inter religiosa na Universidade Gregoriana, em Roma, promovido por, justamente, o Centro de Estudos Inter Religiosos da mesma Universidade. Decorreu ao longo da passada semana, desde segunda feira, 22, até sexta, 26 de fevereiro. Entrada livre e espaço de debate (perguntas feitas pelos presentes) com os realizadores dos filmes projetados.
Todos filmes pequenos (um deles de 56 minutos apenas); quase todos sobretudo no sentido de serem fruto de poucos fundos e muita dedicação. Mas, se os homens não se medem aos palmos, o mesmo vale para as ideias. A simplicidade é real e vê-se em detalhes deste género: esta realizadora que escreve na sua própria página de facebook. Não como se fosse “um de nós”: ela é um de nós, a “fama” não alterou nada.
Do ponto de vista de um cristão, a curiosidade estava toda em “O coração do Assassino” de Catherine McGilvray. As melhores histórias são as mais simples, as que se contam numa só frase. Senão vejamos: uma religiosa é assassinada na Índia e a sua mãe e irmã adoptam o assassino como fiho e irmão. Et voilá; só isso e dá bastante. De maneira que a espetativa era muita, na manhã da terça-feira, para a sessão de cinema marcada para as 17:45, na aula magna.
Ora, se não é verdade a consideração feita sobre histórias simples: terça-feira era segunda, engano lamentável merece público lamento, o filme já tinha passado! Natural é ter-se pensar e sentir de um filme que se viu há pouco; mas de filme ausente, resumido num trailer suave, andar absorvido… o que pensar? Não é, convenhamos, uma história convencional, nem abre telejornais pelo mundo fora. É possível vê-lo a pagamento, mediação da beata internet.
Mehran Tamadon, um iraniano emigrado em França, é um realizador ateu. Convidou 4 líderes religiosos iranianos para estarem alguns dias com ele. E falarem sobre religião e sociedade. Tamadon propõe o tema de um estado laico, em que os líderes religiosos não têm nenhuma interferência na vida pública. Escusado dizer que não muda a opinião de ninguém. Mas consegue, isso sim, produzir um filme leve e instrutivo ao mesmo tempo: uma viagem ao cérebro dos seus interlocutores e aos contornos da sua visão do mundo.
Ficamos assim a saber que uma sociedade em que as mulheres não usem véu não respeita a religião. Que o Ocidente merece troça: então não conseguiram que as mulheres fossem infiéis? Qual a vantagem de estarem com outros homens que não os seus filhos e maridos? O realizador teve a astúcia de lançar cada tema e calar-se a seguir; os “mullahs” tomam a palavra e aproveitam o espaço concedido para tecer comentários, refletir e até criticar paternalmente aquele ateu “inconsciente”. Particularmente de nota apelidarem-no de ditador!
Pelo meio, dá para simpatizar com estes homens convictos, surpreendentemente espirituosos no seu falar e brincar. Convidam até o ateu para rezar com eles e não demonstram nenhum mal estar para com quem os questiona e chega a negar que exista um
Alguém origem de tudo. Tranquilamente conversam enquanto preparam as refeições e falam sobre temas banais do dia a dia.
Escutar canções cantadas por artistas femininas, isso sim, rejeitam liminarmente.