CNE propõe Carta de Deveres do Homem como forma de consciencialização da sociedade

Documento vai ser integrado no programa pedagógico do movimento e traduzido para várias línguas.

O Corpo Nacional de Escutas (CNE) elaborou uma Carta dos Deveres do Homem com o objetivo de consciencializar a sociedade e apelar a uma maior proatividade das pessoas em torno do progresso e do bem comum.

 

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o responsável por este projeto explica que o documento começou a ser pensado “na sequência do 60 aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem”, celebrado em 2008.

 

“Hoje em dia fala-se muito em direitos, e eles estão consagrados na Declaração Universal, na Constituição Portuguesa, mas não se fala em deveres” e o intuito do CNE foi procurar colmatar um pouco essa “lacuna”, salienta António Vilaça.

 

Estruturada “não como um conjunto de leis a cumprir expressamente mas como propostas para uma maior “consciencialização” social, a Carta dos Deveres está “dividida em três dimensões”.

 

Em primeiro lugar “o eu, os deveres do indivíduo para consigo próprio; depois “o outro, deveres para com aqueles que nos rodeiam”, e por fim a natureza, aqui “como meio ambiente que a todos rodeia”.

 

“Em termos do indivíduo para consigo próprio”, prossegue António Vilaça, “temos o dever de cada um procurar melhorar a sua condição, continuar constantemente a melhorar a sua vida, ir sempre mais além”.

 

Quanto às relações sociais, o projeto realça o “dever de preservar a família, a mais antiga e natural agregação do homem” e que hoje assume um papel cada vez mais essencial no meio da crise económica que assola o país.

 

“É sempre um porto de abrigo, é sempre aí que as pessoas vão recorrer em última análise quando estão em dificuldades”, recorda o representante escutista.

 

No que diz respeito à temática da natureza e do meio ambiente, o Corpo de Escutas reforça a importância das pessoas cuidarem e manterem esse tesouro intacto para as “futuras gerações”.

 

Por vezes as pessoas esquecem-se que “têm o direito de utilizar a natureza mas também o dever de a preservar e manter nas melhores condições possíveis, não pensarem só numa perspetiva egoísta”, aponta António Vilaça.

 

A Carta dos Deveres do Homem tem estado a ser intensamente divulgada, com o apoio de diversos institutos e seminários, e vai ser integrada no programa educativo do CNE, que conta atualmente com perto de 60 mil jovens entre os 6 e os 22 anos.

 

“O objetivo é torna-la efetivamente numa ferramenta pedagógica” e nesse sentido o movimento está a preparar “um conjunto de kits com vários dinâmicas associadas à descoberta dos deveres e dos direitos” para “difundir também no ambiente escolar e universitário.

 

A médio prazo, o documento e os kits vão ser traduzidos para várias línguas, para que os agrupamentos de todo o mundo possam integrá-los também nos seus sistemas formativos.

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