Cristãos apostados em “acolher” e depois “conhecer”

Diretor Diocesano da Pastoral da Mobilidade Humana participa no encontro “Misericórdia sem Fronteiras”

Começou esta sexta feira, no Seminário de São José, em Bragança, o XVI Encontro de Agentes Sóciopastorais das Migrações, que decorre até amanhã, com o tema da “Misericórdia sem Fronteiras”.

Mais de 60 responsáveis pelas migrações ao nível das dioceses do país, incluindo a de Angra, que está representada pelo diretor diocesano da Pastoral da Mobilidade Humana, Pe Jacinto Bento, estão a discutir questões relacionadas com o acolhimento e a hospitalidade cristãs, num dos momentos mais críticos da Europa que diariamente recebe e acolhe milhares de refugiados.

O Encontro começou com uma comunicação de D. António Couto, sobre o tema da misericórdia na Bíblia e, depois de dois painéis sobre o mesmo tema na vida das pessoas e das sociedades, termina com uma partilha do presidente da Cáritas do Líbano, padre Paul Karam, país com 4 milhões de habitantes que acolhe 1,5 milhões de refugiados.

“É uma alegria e uma gratidão poder receber os agentes sociopastorias das várias dioceses de Portugal e também o presidente da Cáritas do Líbano, que abre a uma perspectiva internacional e nos faz tocar de perto o drama dos refugiados”, lembrou D. José Cordeiro.

O bispo de Bragança-Miranda informou que a diocese está preparada para acolher refugiados, aguardando indicações da Plataforma de Apoio aos Refugiados e trabalhando em “articulação com os serviços competentes da Conferência Episcopal Portuguesa”.

O XVI Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações termina este domingo em Balsamão com a celebração da Eucaristia que assinala o Dia Mundial do Migrante e refugiado, transmitida pela RR, e a abertura da Porta Santa no Santuário de Nossa Senhora da Balsamão.

A esta hora de domingo, o Papa estará a celebrar o jubileu com “mais de cinco mil migrantes” de 30 nacionalidades.

Francisco decidiu dedicar a celebração de 2016 ao tema ‘Migrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho da misericórdia’, inserindo-a no Ano Santo Jubilar que começa em dezembro. Francisco “quer tornar presente a dramática situação de tantos homens e mulheres, obrigados a abandonar as próprias terras, e que muitas vezes morrem em tragédias no mar”, adianta o Vaticano.

Segundo o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), da Santa Sé, a celebração de domingo “insere-se logicamente no contexto do Ano da Misericórdia” convocado pelo Papa (dezembro de 2015-novembro de 2016).

Para o Vaticano, há o “risco evidente” de que este problema “seja esquecido”, pelo que se deseja relacionar “o fenómeno da migração com a resposta dada pelo mundo e, em particular, pela Igreja”.

“Neste contexto, o Santo Padre convida o povo cristão a refletir durante o Jubileu sobre obras de misericórdia corporal e espiritual, entre as quais se encontra a de acolher os estrangeiros”, acrescenta a nota oficial.

O Dia Mundial do Migrante e do Refugiado surge, na Igreja Católica, com a carta circular “A dor e as preocupações”, de 6 de dezembro de 1914, na qual a Santa Sé pedia, pela primeira vez, a instituição de um dia anual de sensibilização sobre o fenómeno da migração e a promoção de uma coleta em favor das obras pastorais para os emigrantes italianos e para a preparação dos missionários da emigração.

O portal de informação do Vaticano, ‘News.va’, adianta que no Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, a 17 de janeiro, a Basílica de São Pedro vai também receber a Cruz de Lampedusa, que foi feita com madeira de barcos utilizados pelos migrantes e abençoada pelo Papa Francisco a 9 de abril de 2014.

“Desde aquele dia, a cruz viaja pela Itália, levada por voluntários, unindo paróquias, mosteiros, cárceres e hospitais”, acrescenta o portal sobre este “projeto” da Fundação Casa do Espírito e das Artes.

Já o presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, cardeal Antonio Mara Veglió vai consagrar hóstias preparadas por três presos da prisão de segurança máxima de Opera, em Milão, na Eucaristia das 13h00 locais (menos uma hora em Lisboa), na Basílica de São Pedro.

Na mensagem para a celebração do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa denunciou a “indiferença” e “silêncio” da comunidade internacional perante o sofrimento dos migrantes e refugiados que procuram fugir da pobreza e das guerras.

“Todos os dias, as histórias dramáticas de milhões de homens e mulheres interpelam a comunidade internacional, testemunha de inaceitáveis crises humanitárias que surgem em muitas regiões do mundo”, escreve Francisco.

Por ocasião desta celebração, a Cáritas Europa lembra as mais de 3700 pessoas que morreram no Mediterrâneo, incluindo oito crianças, em 2015.

“A Cáritas lembra à União Europeia que o sofrimento dos migrantes poderia ter sido evitado se os líderes comunitários tivessem chegado a acordo sobre canais mais seguros e legais para a Europa”, sublinha a organização católica.

CR/Ecclesia

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