Por Renato Moura
O Dia da Paz nasceu de uma exortação do Papa Paulo VI para se celebrar pela primeira vez a 1 de Janeiro de 1968. Lançou a ideia com a esperança de arrastar muitos promotores tendo em vista “dar à história do mundo um devir mais feliz”.
A paz não é apenas a antítese de conflito bélico, nem só a aparência de calma ou a ausência de perturbação ou agitação visíveis.
Agora formulam-se desejos de um Bom Ano, próspero e feliz, com paz. Mas talvez não estaremos a abarcar toda a infinidade de circunstâncias necessárias para que ela se concretize. Seguramente desejamos o fim das guerras entre nações e dos conflitos internos nos países.
Mas para haver paz era necessário que em cada lugar deste mundo existisse liberdade civil, política e religiosa; que se praticasse a igualdade, pois como referiu o P.e António Vieira, nos seus célebres Sermões, “sem igualdade e igualdade com todos, não há paz”. Que reinasse a fraternidade, se combatesse a pobreza e se aplicasse a justiça, já que “a paz engloba a justiça social” como proclamou Sá Carneiro em 1973.
Fazer reinar a paz inclui diálogo, verdade e reconciliação, exige trabalho para o desenvolvimento, sempre com respeito pelos direitos humanos e tendo em conta que toda a ação visa a pessoa humana; e implica a exclusão de qualquer tipo de escravidão, pois que há à nossa volta escravos sob tantas formas, nomeadamente de ideologias, de religiões, de empregos, de promoções e de lugares, sobretudo em cargos políticos. Respeitar estas regras não é apenas cumprir a lei de Deus, nem o apelo à paz teve um sentido exclusivamente católico, ou sequer religioso, pois antes de tudo é humano.
Será bom entrar em 2016 com um sentimento de esperança, que fomente os sonhos e abra caminhos. Lá bem diz o povo que “o futuro a Deus pertence”, mas nós sabemos que Ele deu a cada um a liberdade para escolher e a capacidade para agir. É urgente saber usá-las.
Estamos confrontados a nível mundial com as ameaças de terrorismo, com a entrada dos refugiados que sobreviveram às tragédias que envolveram o êxodo e com perspetivas sombrias sobre o crescimento económico. O projeto de unidade e solidariedade europeia está a ser posto em causa por líderes fracos e os eleitores em Portugal e depois na Espanha – e no futuro se verá onde mais – crescentemente recusam as soluções que o diretório europeu (ou alguém por ele) pretende impor.
Em Portugal esperamos os resultados da nova governação. E teremos de escolher um Presidente da República bem diferente e melhor. Tudo sem conformismo.