Bispo de Angra promulga nota pastoral, a dois dias da abertura da Porta Santa na Catedral de Angra
O Ano Santo da Misericórdia é uma “oportunidade” para os cristãos açorianos “saírem ao encontro dos que mais sofrem” e são vitimas do mundo atual, diz o Bispo de Angra na NOTA PASTORAL que acaba de promulgar, a dois dias da abertura da Porta Santa da Sé de Angra, que assinalará o arranque deste Jubileu Extraordinário nos Açores.
Citando o papa Francisco, na Bula de proclamação do Ano Santo da Misericórdia- Misericordiae Vultus- D. António de Sousa Braga sublinha que a Porta Santa “permite a entrada, mas é também a abertura por onde se sai para o mundo, ambiente onde o cristão tece habitualmente a sua existência e que deve fermentar com a verdade do Evangelho”, e poderá ter “a oportunidade de curar as feridas dos mais fragilizados”.
E, neste Ano Santo, “poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática” adianta.
O Bispo de Angra denuncia as “situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual”, referindo-se às “feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos”.
“Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas” destaca o prelado diocesano, pedindo aos açorianos que aproveitem este tempo para “refletir e exercitar as obras de misericórdia corporal e espiritual”, pois elas são apresentadas por Jesus “para podermos perceber se vivemos ou não como Seus discípulos”.
Na Nota Pastoral que acaba de promulgar, e que se dirige a toa a igreja dos Açores, também neste tempo de Advento, o Bispo de Angra recorda que as Orientações Diocesanas de Pastoral convidam os cristãos açorianos a Serem Misericordiosos como o Pai” e a viverem o tempo presente numa “chave pastoral missionária”, procurando ir ao encontro das periferias, que “progressivamente” vão sendo identificadas, “num processo de reflexão constante da Igreja diocesana”.
Descodificando o significado de um Ano Santo- segundo a tradição bíblica-, em que os judeus consagravam ao Senhor o ano: não trabalhavam a terra; viviam dos frutos, que ela espontaneamente oferecia; os escravos eram libertos e toda a terra voltava à posse do seu dono original, D. António de Sousa Braga pede igualmente à igreja dos Açores para “olhar para Cristo” porque “revela o Deus-Amor, amor que tem a sua máxima expressão na misericórdia”.
“Misericórdia significa ter a capacidade de `se com-padecer´, isto é, de `padecer-com´, de se pôr no lugar do outro, como Jesus, que Se fez um de nós, para que, com Ele e como Ele, tenhamos a vida com abundância”, frisou ainda o Bispo de Angra.
Referindo-se aos sinais do Jubileu Extraordinário, lembrou a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro; a importância da peregrinação como o “ícone do caminho que cada pessoa realiza na sua existência”, com “empenho e sacrifício”; a indulgência porque o “perdão de Deus para os nossos pecados não conhece limites” e a necessidade de concretizar as obras de Misericórdia.
“À prática da peregrinação está ligada a Indulgência Jubilar que exige a celebração do Sacramento da Reconciliação, a comunhão eucarística, a oração pelo Santo Padre e a contrição perfeita. Para além da participação numa ação litúrgica requer-se a oração do Pai-nosso, a Profissão de Fé e a invocação da Virgem Maria” diz D. António de Sousa Braga, definindo desta forma uma espécie de “caderno de encargos” para os cristãos açorianos.
O prelado diocesano lembra ainda que nos Açores existirá, para além da Porta Santa da Catedral, Igreja Jubilar por excelência, uma Porta Santa em todas as ouvidorias e nos cinco santuários diocesanos.
E, porque na Diocese de Angra, o inicio da vivência do Ano Santo da Misericórdia coincide com a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima aos Açores (entre 7 de janeiro e 28 de fevereiro), D. António de Sousa Braga pede aos Açorianos que vivam este momento “com alegria e esperança renovadas”, vendo em Nossa Senhora a “verdadeiro rosto e porta de misericórdia”.
“Trata-se de um momento da missão evangelizadora na Igreja e da Igreja”, refere o responsável máximo da igreja no arquipélago lembrando que tal como no passado “agora, de 7 de Janeiro a 28 de Fevereiro de 2016, na simplicidade e na grandeza de povo crente, entoaremos com Maria o cântico de louvor e gratidão a Deus pela grandeza das suas obras, proclamando com entusiasmo a profecia: «de hoje em dia me chamarão bem-aventurada todas as gerações»”.