D. João Lavrador destaca o facto do último Bispo de Macau ainda conservar “a sua lucidez”, apesar da idade e da doença
O Bispo Emérito de Macau, natural e residente na diocese de Angra, na ilha do Pico, recebeu esta manhã a visita do novo bispo coadjutor de Angra, quando se prepara para assinalar 40 anos de ordenação episcopal no próximo dia 25 de março.
“Gostei muito de estar com ele e sobretudo da forma como respondeu ao meu pedido para que rezasse pelo meu ministério nesta diocese” adiantou D. João Lavrador ao Sítio Igreja Açores sublinhando que a resposta de D. Arquimínio ao seu pedido foi “Eu rezo mas também tem de rezar por mim. Foi de uma enorme ternura”.
A visita ao último bispo português de Macau constitui a primeira deslocação do novo prelado açoriano dentro do arquipélago desde que entrou formalmente na diocese no passado dia 29 de novembro. De resto, D. João Lavrador tinha-se encontrado várias vezes com D. Arquimínio em Fátima, na altura em que era Secretário da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais.
Esta quinta feira esteve com D. Arquimínio em sua casa onde é assistido diariamente por uma sobrinha “que cuida muito bem dele e por isso também lhe estamos muito gratos pela sua dedicação”, acrescentou.
D.Arquimínio Rodrigues da Costa, Bispo Emérito de Macau e último Bispo português de Macau e do então Padroado do Oriente, celebrou este ano 66 anos de Ordenação Sacerdotal e comemora no próximo dia 25 de março 40 de ordenação episcopal. Resignou em 1988, altura em que passou a residir de novo no Pico.
Natural de São Mateus, onde nasceu a 8 de Julho de 1924, cedo se movimentou junto da igreja, por influência dos pais e, quando aprendeu as primeiras letras foi para Macau com o Monsenhor José Machado Lourenço e mais dois companheiros.
Entrou no seminário de S. José, onde fez com distinção todos os seus estudos eclesiásticos, completando teologia em Junho de 1949.
Enquanto estudante no seminário de Macau revelou ser “ inteligente e virtuoso”, tendo sido nomeado professor antes da sua ordenação presbiteral, que se efectivou pouco tempo depois, a 6 de Outubro de 1949.
No mesmo seminário exerceu a prefeitura de disciplina desde 1949 a 1953 e foi reitor interino (1955/6) na ausência do reitor daquele estabelecimento de ensino, o cónego Juvenal Garcia.
Regressou aos Açores em 1956, para passar férias com a família, na ilha do Pico mas, um ano depois, seguiu para Roma, onde frequentou o curso de direito canónico na Pontifícia Universidade Gregoriana, concluindo a licenciatura em 1959.
De regresso a Macau, retomou as suas funções de prefeito de disciplina, sendo então nomeado professor do seminário. Em Agosto de 1961 era reitor interino passando a efectivo em Novembro seguinte.
Com a ausência do prelado diocesano de Macau durante o período de realização do Concílio Vaticano II, D. Arquimínio foi nomeado governador do bispado em 29 de Agosto de 1963 e depois em 1965.
Com o surgimento da Revolução Cultural chinesa, com Mao Tse Tong, a igreja viveu tempos conturbados em Macau e os alunos do seminário, e os professores foram transferidos para o território vizinho de Hong Kong.
Lecionou (1968/9) no seminário de Aberdeen, em Hong Kong, as disciplinas de filosofia e latim, sendo ali nomeado prefeito de Estudos do Curso Filosófico.
Professor competentíssimo, sacerdote cheio de humildade, é tido como poliglota, com destaque para o mandarim e cantonense, em que fala e prega fluentemente.
Eleito pelo cabido vigário capitular da diocese em 14 de Junho de 1973, viu-se elevado à dignidade episcopal três anos depois, em 1976, altura em que o Papa Paulo VI o nomeia definitivamente Bispo de Macau.
A sua sagração decorreu na catedral macaense em dia da Anunciação, 25 de Março daquele ano.
A 10 de Junho de 1984, D. Arquimínio foi condecorado pelo Governo português com o grau de Grande Oficial da Ordem de Benemerência e em 1986 recebeu o grau de Doutor Honoris Causa em Filosofia pela Universidade da Ásia Oriental de Macau.
Este ilustre açoriano viu o seu pedido de resignação à Diocese de Macau aceite pela Santa Sé a 6 de Outubro de 1988 e, um mês após, a 7 de Novembro de 1988 foi condecorado, agora pelo Presidente da República Portuguesa, com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Mérito a 7 de Novembro de 1988.
Desde Janeiro de 1989 que fixou residência na ilha do Pico, na freguesia de S. Mateus, ocupando o seu tempo na recuperação de uma quinta familiar.
Depois desta visita, D. João Lavrador vai presidir hoje à Bênção do Santíssimo na Igreja da Madalena do Pico, onde decorre o Dia Eucarístico da Paróquia, seguindo-se uma reunião com todo o clero da ouvidoria, que é dirigida pelo Pe Marco Martinho, Pároco da Madalena e Reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus do Pico. Aliás, uma das vezes que D. João Lavrador visitou o arquipélago foi, justamente, para presidir à festa do Senhor Bom Jesus, a 6 de agosto.
Amanhã o bispo coadjutor de Angra apresentará cumprimentos à Presidente da Assembleia Legislativa dos Açores, seguindo-se uma reunião com o Clero da ouvidoria da Horta, dirigida pelo Pe Marco Luciano Carvalho.