Até 20 de novembro de 2016, a Igreja tem orientações para promover perdões excecionais
Começou ontem oficialmente o Ano Santo da Misericórdia e a ordem no Vaticano é para a igreja poder conceder uma “indulgência jubilar” a todos os “verdadeiros arrependidos”, sejam os presos por delito, mulheres que praticaram o aborto ou mesmo os mortos com pecados por expiar.
Na Igreja Católica, uma indulgência jubilar é o equivalente a uma amnistia e os fiéis são convidados a experimentar a “genuína misericórdia de Deus”. Os católicos arrependidos dos seus erros poderão ver como Deus “acolhe e perdoa, esquecendo completamento o pecado cometido”, diz o Papa.
Para obter uma indulgência e a remissão dos pecados, os fiéis deverão fazer “uma breve peregrinação” junto das portas santas abertas em cada catedral, seja nas de Roma (Basílicas de São Pedro, Santa maria Maior, São João Latrão ou São Paulo fora de muros) ou qualquer outra espalhada pelo mundo, em cada uma das dioceses. Os bispos diocesanos podem decidir em cada país quais as igrejas do ano jubilar onde os católicos podem ir receber as indulgências desde que sejam observados alguns pressupostos desde logo o arrependimento, a confissão, a reconciliação seguida da participação na Eucaristia bem como rezar pelo Papa e “pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro”.
Ninguém fica excluído do perdão. Esta é a mensagem que, com muita veemência, Francisco tem deixado ficar para dentro da sua Igreja. O Papa quer que doentes, pessoas idosas e sós, sem capacidade de sair de casa participem no Ano Santo. O mesmo é válido para os presos que “nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência”, porque o Papa acha que o Jubileu tem de “envolver pessoas que, mesmo merecedoras de punição, tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade”.
Ou, ainda, os membros da Fraternidade de São Pio X, os chamados Lefevristas que o Papa Francisco recupera, durante este ano, para o serviço da Igreja, reconhecendo-lhes de novo como válidos os atos de celebração da eucaristia e da absolvição dos pecados.
Também os mortos que precisem de se libertar “de qualquer resíduo de culpa” para entrarem na “beatitude sem fim” podem ser recordados pelos seus familiares e amigos e receber as graças jubilares.
Embora a igreja continue a condenar a prática do aborto, há no entanto uma nova atitude proposta pelo Papa para as mulheres que o praticaram. Considerado um pecado que pode levar à excomunhão e cujo perdão está consignado apenas a bispos, o Papa Francisco dá agora indicação expressa para que todos os sacerdotes possam perdoar este pecado e ouvir as mulheres em confissão. A ordem é “compreender”, “acolher” e “perdoar”.
“O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando com coração sincero se aproxima do sacramento da confissão para obter a reconciliação com o Pai”, escreve o Papa. O aborto “é um drama existencial e moral”, assume Francisco, para quem “só a sua verdadeira compreensão pode impedir que se perca a esperança”.