Contributo da Diocese de Angra para o Sínodo da Família a caminho da Conferência Episcopal

O documento está concluído, tem 40 páginas e reflete opiniões de oito ouvidorias de cinco ilhas e do Serviço Diocesano para a Pastoral Familiar e Laicado.

O contributo da Igreja Açoriana para o documento que a Conferência Episcopal Portuguesa enviará para Roma com vista à preparação do Sínodo sobre a Família, que se realizará em Outubro do próximo ano, está concluído, e reflete a posição de oito ouvidorias de cinco ilhas (São Miguel, Terceira, Santa Maria, Flores e Corvo) e do Serviço Diocesano para a Pastoral da Família e Laicado, cujo contributo “foi muito válido por representar a posição dos vários movimentos da Igreja ligados à família”.

 

O documento tem 40 páginas e faz a síntese das respostas que os cristãos açorianos deram ao inquérito enviado pela Santa Sé a todas as igrejas particulares de forma a obter, por um lado, um diagnóstico tão alargado quanto possível sobre a família e os problemas que a afetam e, por outro, encontrar respostas mais adequadas às novas realidades.

 

Das 16 ouvidorias que integram a Diocese dos Açores, 50% responderam de forma “realista”, com “contributos muito válidos” quer no que respeita ao diagnóstico quer no que respeita à resposta que a Igreja deve dar aos novos problemas, sempre cientes de se trata de um “contributo de uma igreja particular ao repto da Igreja Universal”.

 

“As respostas às nove perguntas traduzem um enorme realismo e, sobretudo, um conhecimento das realidades que se colocam às famílias nos Açores, revelando uma grande consonância com a doutrina católica sem esquecer as novas realidades concretas”, disse ao Portal da Diocese o Vigário Geral, Pe Hélder Fonseca Mendes, membro do Secretariado Permanente do Conselho Pastoral Diocesano que redigiu a síntese final com a posição da Diocese de Angra, que vai ser enviada ao Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente que, por sua vez, reunirá o contributo de todas as dioceses do país e fará um novo documento, refletindo as várias sensibilidades da Igreja Portuguesa, que será posteriormente enviado para Roma.

 

Em discussão estão nove questões, com 38 alíneas, nas quais são abordados temas relacionados com a família, com o casamento, as uniões de facto, as uniões entre pessoas do mesmo sexo ou a educação dos filhos quer no seio das famílias tradicionais quer no seio das novas realidades familiares.

 

“Trata-se de uma matéria muito vasta para a qual os açorianos que responderam revelam uma enorme abertura sempre na perspetiva do acolhimento, da compreensão, da tolerância e da integração”, refere ao Portal o Vigário Geral, “inclusive na questão dos recasados”.

 

As respostas dos Açorianos vão no sentido de uma pastoral “que integre e acolha as novas realidades de forma muito aberta”, embora se constate que existem “divergências” de abordagem entre os meios mais rurais e os meios mais urbanos que “têm naturalmente experiências diferentes e por isso leituras diferentes”, adianta ainda Hélder Fonseca Mendes.

 

As perguntas são muito abertas e por isso, as respostas também “vão nessa linha” fazendo apreciações “qualitativas” mas “denunciando a existência de problemas graves que afetam as famílias como é infelizmente a realidade do desemprego, sobretudo o juvenil”, disse ainda Hélder Fonseca Mendes.

 

Do ponto de vista particular, há uma questão transversal a todo o inquérito, embora a pergunta não seja feita de forma explicita e que se prende com a posição dos recasados dentro da Igreja.

 

“A posição dos açorianos é de que tem de haver um acolhimento de todos mas com a consciência de que essa integração, por exemplo na questão sacramental da comunhão, não depende da vontade das igrejas particulares”, acrescentou o Vigário Geral.

 

No entanto, também neste capítulo, a resposta dos Açorianos, constante nos inquéritos, traduz-se na sugestão de “se dar uma segunda oportunidade ou de haver uma celeridade na declaração de nulidade de alguns casamentos”, refere Hélder Fonseca Mendes.

 

“Mas esta é uma questão de fé que não compete às igrejas particulares que têm uma margem de manobra curta”, conclui.

 

De fora desta participação instada pelo Papa Francisco, de uma forma absolutamente inovadora pedindo aos bispos que auscultassem as bases na preparação do Sínodo, ficaram quatro ilhas do arquipélago dos Açores– Faial, Pico, São Jorge e Graciosa. O prazo para o pronunciamento das igrejas particulares já terminou.

 

A diocese de Angra vai agora enviar o seu documento para Lisboa. E, caberá à conferência Episcopal portuguesa elaborar o contributo dos católicos portugueses, que se juntará ao contributo de todas as conferências episcopais do mundo com vista à elaboração do “instrumentum laboris” (instrumento de trabalho) que servirá de base ao Sínodo que se realizará em dois andamentos, sendo que a primeira reunião ocorrerá em Outubro do próximo ano.


O contributo da Diocese de Angra é, apenas, mais um e foi compilado pelo Secretariado Permanente do Conselho Pastoral Diocesano de que fazem parte, além do Vigário Geral, a Irmã Elvira Berbereia, Alfredo Borba, Aurélio da Fonseca e Anabela Borba.

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