Despertar consciências para «danos morais e humanos» da desigualdade

Conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz debateu «sociedade desigual/sociedade fraterna»

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) promoveu este sábado em Lisboa uma conferência com o tema ‘Sociedade Desigual ou Sociedade Fraterna?’, alertando para a importância de colocar o combate às desigualdades nas prioridades políticas.

Pedro Vaz Patto, presidente da CNJP, recorda à Agência ECCLESIA que “são vários os estudos que revelam que a desigualdade se tem acentuado”, em Portugal e a nível mundial, pelo que é necessário perceber “até que ponto” essas desigualdades são compatíveis com “uma sociedade fraterna”.

“É preciso encarar o acentuar das desigualdades como algo a que há que pôr termo e inverter este ciclo”, acrescentou.

O responsável notou um “certo consenso” na última campanha eleitoral sobre a “injustiça” que estas desigualdades representam, esperando que as várias forças políticas se comprometam nesse campo.

Alfredo Bruto da Costa, ex-presidente da CNJP e especialista no estudo da pobreza em Portugal, afirmou durante a conferência que “a generalidade dos cristãos não tem consciência do que é a desigualdade” e dos “danos morais e humanos” que esta causa a milhões de pessoas nos dias de hoje.

“A desigualdade mata” e deve ser uma preocupação de “primeira monta” no campo internacional, acrescentou.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Bruto da Costa sustentou que “o combate às desigualdades não é compatível com uma política neoliberal”, centrada no mercado.

A investigadora Elena Lasida, professora do Instituto Católico de Paris, sublinhou por sua vez a importância de valorizar a “relação”, algo que está ausente dos indicadores económicos.

A especialista, que tem desenvolvido estudos em Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável, ligando a Teologia a estes temas, apresentou uma conferência subordinada ao tema ‘”Economia e Fraternidade”.

A CNJP, organismo de leigos católicos ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, convidou ainda Carlos Farinha Rodrigues, do ISEG, para abordar as “Desigualdades em Portugal”.

Outra ex-presidente da CNJP, Manuela Silva, questionou a desigualdade na “gestão do tempo”, a que se somam problemas como o desemprego prolongado e a diminuição das prestações sociais, aumentando o “fosso” entre ricos e pobres.

“Sabemos que hoje cerca de um quarto da população portuguesa vive abaixo do limiar de pobreza”, mas nem todos estão conscientes do que está situação representa para o próprio “desenvolvimento da economia no seu todo” e para a “democracia”, realçou.

D.Juan José Omella, da Comissão de Pastoral Social da Conferência Episcopal Espanhola, não pôde marcar presença na iniciativa, depois de ter sido nomeado esta sexta-feira pelo Papa como novo arcebispo de Barcelona.

CR/Ecclesia

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