40º aniversário foi celebrado esta quinta feira numa Eucaristia presidida pelo Vigário Geral
A Fundação Pia Diocesana Obra de Socorro de Nossa Senhora das Mercês, que assinalou o 40º aniversário esta quinta feira, é “um pulmão espiritual da diocese” por ser uma “lugar de oração e de culto que se mostra numa obra”, disse o Vigário Geral da Diocese de Angra.
O Cóng. Hélder Fonseca Mendes presidiu à Missa festiva de aniversário, que decorreu na igreja do Convento das Clarissas, nas Calhetas, no concelho da Ribeira Grande e, sublinhou as semelhanças entre a origem do culto a Nossa Senhora das Mercês e os designios que levaram os promotores que lançaram as sementes desta obra.
“Tal como Pedro Nolasco, no século XII, trocou a sua fortuna pela liberdade dos escravos, criando uma obra pla liberdade e pela ajuda aos mais frágeis também o casal Frazão, em pleno século XX, concretizou a sua fé deixando aos outros os bens que permitiram a liberdade, a cultura, a instrução, a educação e o bem estar de tanta gente”, disse o Vigário Geral.
“A obra nasce sempre da fé que se manifesta no culto, que não é estéril acabando sempre por dar frutos” precisou o sacerdote lembrando que ao longo do tempo a Fundação Pia Docesana pode ter mudado os estatutos, pode até só assinalar 40 anos, mas “os principios que a nortearam mantém-se e são anteriores à sua criação” , a 22 de outubro de 1975.
“40 anos depois o espírito mantém-se e é bom que tenha seguidores independentemente de algumas adaptações que possam ser necessárias para responder aos problemas de cada momento”, disse ainda o Cón. Hélder Fonseca Mendes que elogiou o trabalho dos seus corpos sociais “que não devem deixar morrer” este projeto “por mais dificil que seja” porque “gerir bens que não são nossos e fazê-los render e crescer não é fácil”.
A Fundação Pia Diocesana Obra de Socorro de Nossa Senhora das Mercês foi criada em 1975, durante o episcopado de D. Aurélio Granada Escudeiro embora a obra social que a inspirou tenha sido iniciada em meados da década de 50 pelo casal de benfeitores António Medeiros Frazão e Leonor Silveira, que acolheram prontamente e de forma entusiástica o sonho da professora Maria Francisca Vasconcelos que queria dar mais educação e condições às meninas pobres desta zona do concelho da Ribeira Grande.
Apartir desta altura, a diocese além da casa amarela, espaço emblemático onde a obra foi iniciada, passou a gerir ainda o património deixado por este casal de benefeitores: o Bairro Dr Frazão, na cidade de Ponta Delgada, de casas modestas de renda económica, doado à Matriz de Ponta Delgada, bem como terrenos variados nas zonas da Bretanha e da Lagoa. Aliás é das rendas desse chã, espalhado pela ilha, que a Fundação sobrevive economicamente, desenvolvendo uma ação social no terreno, sobretudo na zona das Calhetas e de Rabo de Peixe.
Atualmente apoia de forma regular cerca de 20 famílias para além do contributo financeiro a idosos, para a compra de medicamentos, do apoio a sacerdotes com dificuldades e às irmâs Missionárias da Caridade que desenvolvem trabalho específico nestas duas freguesias, do concelho da Ribeira Grande. A Fundação de Nossa Senhora das Mercês apoia, ainda, a Obra de Maria e as Irmãs Clarissas que vivem no Convento que era propriedade dos benfeitores Frazão e Silveira.
“O importante é nós honrarmos aqueles que foram os desígnios dos fundadores desta obra social e por isso gostaríamos de fazer mais ainda do que fazemos”, diz António Pedro Costa, Diretor desta fundação e que intervirá na sessão solene do próximo sábado, pelas 17h00, na Igreja do Convento das Clarissas, com uma comunicação àcerca da história desta obra social da igreja. No entanto, lembra que há “alguns problemas de natureza legal, que se prendem com a lei canónica que nos impedem de desbloquear algumas situações”.
Entre as prioridades da Fundação está a recuperação da “Casa Amarela”, onde a Obra começou.
“Têm sido equacionadas várias soluções para este espaço que era importante recuperar- até porque é emblemático, pois foi aqui que tudo começou- desde a criação de uma creche, com várias valências incluindo um centro de dia para idosos, mas até à data ainda não foi possível concretizar qualquer ideia” disse ao Sítio Igreja Açores o presidente da Fundação, António Pedro Costa, que sublinha a importância de haver “parceiros para o projeto”.
Construída de raíz para servir de escola, a Casa Amarela acolhia diariamente raparigas “de parcos recursos” a quem se ensinava a ler, a bordar ou as lides domésticas.
“Elas passavam o dia nesta `escola´ onde aprendiam e ao mesmo tempo se alimentavam e eram cuidadas, numa obra sem precedentes para a altura, com um enorme alcance social”, frisa ainda o dirigente.
Todo o financiamento da Obra, que também acolhia idosos, bem como do seu pessoal, era assegurado pelo casal que depois a cedeu à Diocese, no tempo do Bispo D. Manuel Afonso Carvalho que “inaugurou o novo edifício com a presença do Governador civil numa festa enorme para esta freguesia”, lembra, ainda António Pedro Costa.
Esta quinta feira foi celebrada uma Missa Festiva, precedida de uma pequena procissão que se iniciou à porta do Convento , no momento em que as Clarissas entregaram a Imagem de Nossa Senhora das Mercês aos responsáveis da Fundação e sairam em cortejo processional até à igreja ao som de cânticos.
A Eucaristia foi concelebrada pelos Padres David Couto e José Claudio, da Comunidade de Vida Consagrada Obra de Maria, que reside em São Miguel, mais concretamente em Rabo de Peixe e Ponta Garça. Entre os presentes estiveram também algumas religiosas Missionárias da Caridade (Congregação de Madre Teresa de Calcutá) que desenvolvem trabalho nas Calhetas e Rabo de Peixe, uma semana por mês, tempo em que permanecem na diocese.
A Fundação Pia Diocesana Obra de Socorro de Nossa Senhora das Mercês , que agora celebra quatro décadas de história, é uma das três fundações que integram a diocese – a Fundação Pia Diocesana Clinica do Bom Jesus, em Ponta Delgada e a Fundação Maria Isabel Carmo Medeiros, na Povoação-.