Bispos admitem divergências na busca de soluções
O Sínodo dos Bispos que decorre no Vaticano está a debater a última parte do documento de trabalho, com destaque para a questão do acesso à Comunhão dos divorciados que voltaram a casar civilmente.
Os responsáveis da sala de imprensa da Santa Sé que apresentam as sínteses das reuniões (congregações) gerais abordaram as últimas 93 intervenções na assembleia sinodal sobre a família, sublinhando que existem várias propostas, desde o pedido do reforço da “doutrina católica” sobre a família e o matrimónio aos que rejeitam que os sacerdotes sejam “controladores” dos fiéis.
Em cima da mesa esteve a chamada “via penitencial”, proposta pelo cardeal Walter Kasper em fevereiro de 2014 e que tem marcado o debate sobre o acesso dos divorciados recasados aos Sacramentos.
Algumas intervenções propõem a criação de um “caminho de discernimento bem estruturado”, com avaliações “caso a caso” e limitando a admissão a casos “particularmente significativos”.
Os trabalhos aludiram à criação de um “ministério do acolhimento” nas estruturas de pastoral familiar nas paróquias, defendendo ainda uma maior exigência na formação para o matrimónio.
Os participantes de países asiáticos e de maioria muçulmana quiseram valorizar o “aspeto positivo” dos casamentos entre católicos e fiéis de outras religiões, como um lugar de “diálogo, de anúncio do amor”.
O padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, sublinhou que várias intervenções elogiaram as recentes alterações promovidas pelo Papa a respeito dos processos de nulidade matrimonial, recordando que “o juízo jurídico sobre as situações matrimoniais é um serviço pastoral importante”.
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé falou ainda das situações de imigrantes sem documentos que não se podem casar legalmente. D. Stanislaw Gadecki, arcebispo de Poznan e presidente da Conferência Episcopal Polaca, falou aos jornalistas sobre os trabalhos, negando que exista um “clima de medo” nos debates sobre questões tidas como mais polémicas.
O responsável revelou que os bispos católicos da Polónia se opõem a uma admissão dos divorciados recasados à Comunhão e deixou críticas ao documento de trabalho (Instrumentum Laboris), considerando que “poderia estar muito melhor organizado”.
Segundo o prelado, não há “qualquer desacordo” sobre a indissolubilidade do casamento e observou que não compete a ninguém na Igreja condenar seja quem for, “porque o juízo pertence ao Senhor”.
D. Carlos Aguiar, arcebispo de Tlalnepantla, México, também marcou presença na conferência de imprensa, na qual afirmou que o “desígnio de Deus não é realizado de uma única maneira”.
“É importante exercitar a misericórdia para todas as pessoas, por parte da Igreja, sempre à luz do amor do Senhor”, acrescentou.
Este responsável frisou que o Sínodo não pretende tomar decisões finais, algo que compete ao Papa.