Anúncio foi feito pelo Município da Ribeira Grande
O órgão do coro alto do Museu Vivo do Franciscanismo, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, vai ser recuperado com o intuito de “dinamizar o seu ensino e proporcionar eventos musicais”, informa uma nota da Câmara Municipal.
“O órgão do convento de Nossa Senhora da Guadalupe foi construído em 1863 e é o quarto maior instrumento construído por João Nicolau Ferreira (1820-1878), de entre nove”, refere a autarquia, salientando que o construtor, açoriano, foi “o percursor” de uma “nova fase da história do órgão nos Açores”.
“Numa conjuntura em que a organaria portuguesa e o circuito do repertório organístico no continente se ressentiam fortemente com as políticas liberais, nos Açores assistiu-se à continuação do ofício da organaria até 1907”, sublinha.
Natural de Ponta Delgada, João Nicolau Ferreira era carpinteiro e foi instruído na arte da organaria pelo padre Joaquim Silvestre Serrão, com quem colaborou na construção dos órgãos da Sé de Angra, em 1854, e de São Pedro, em Ponta Delgada (1858), de acordo com a Câmara.
A autarquia sublinha ainda a importância, no contexto português, dos instrumentos de João Ferreira, que utilizava “materiais acessíveis na ilha (incluindo elementos de órgãos anteriores)” e outros que concebia com base “em modelos da organaria portuguesa de final de setecentos, largamente representada nos Açores” por instrumentos assinados pelos organeiros Joaquim António Peres Fontanes e António Xavier Machado e Cerveira.
O órgão vai ser recuperado por Dinarte Machado e a autarquia refere na nota enviada que apresentou à Direção Regional da Cultura um pedido de comparticipação financeira.
Além de várias intervenções do género nos Açores e na Madeira, Dinarte Machado restaurou quase 80 órgãos dos cerca de 100 que compõem o acervo histórico português, entre os quais os seis órgãos do Palácio Nacional de Mafra. Além disso, participou no restauro dos órgãos do Palácio Real de Madrid e da igreja de São Francisco, em Lorca (Múrcia), Espanha.
A Igreja dos Frades conta ainda no seu espólio com um conjunto de esculturas que representam a vida e os santos franciscanos, que anualmente saem à rua na Procissão dos Terceiros. Esta Igreja esteve encerrada ao culto quase 30 anos e reabriu a 14 de fevereiro de 2013 como museu de interpretação do Franciscanismo para dar a conhecer a importância daquela congregação religiosa.
Além do órgão de 1863, o vasto espólio religioso do templo, do século XVII, inclui mais de 30 imagens, algumas com mais de 200 anos, e retábulos de talha dourada.
O anúncio deste restauro surge em vésperas da comemoração de mais um Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que se assinala a 18 de outubro. Na Diocese o dia vai ser assinalado em dois andamentos: amanhã com uma conferência sobre a vida e a obra de Santa Teresa De Ávila, que nasceu há 500 anos e no dia 18, cada paróquia vai exibir uma peça de relevo do seu acervo patrimonial.