Conferência do Vigário Geral da Diocese explica importância do Espirito Santo na ilha das Flores

Iniciativa decorreu integrada no jubileu dos 500 anos da paróquia das Lajes

O Culto ao Divino Espírito Santo nas Flores está de tal forma enraizado, como de resto acontece em todo o arquipélago, que o “orago da igreja das Lajes bem poderia ser hoje o Espirito Santo” disse este sábado o Vigário Geral da Diocese de Angra, Cónego Hélder Fosneca Mendes, que foi o orador de uma conferência sobre o Espírito Santo na ilha.

A iniciativa, integrada nas comemorações dos 500 anos da paróquia das Lajes, na ilha das Flores, permitiu enquadrar o culto e explicar as especificidades do Império na ilha mais ocidental dos Açores e que começa logo pela designação de Casa do Espírito Santo, uma particularidade da ilha, da vizinha ilha do Corvo e de Alenquer, no território continental. Acresce que “só” nesta ilha, as Casas do Espírito Santo “têm a aparência externa de uma moradia”.

De acordo com o Cón. Hélder Fonseca Mendes, as Festas do Espírito Santo encerram “uma dimensão de alegria, festa e respeito” e os povoados dedicados ao Espírito Santo “são os mais antigos” da ilha, como por exemplo o das Lajes que, tendo como padroeira Nossa Senhora do Rosário, culto que se desenvolveu após a batalha de Lepanto (1570) poderia ter tido o seu orago principal . De resto, sabe-se que em 1770, ainda havia uma ermida do Espírito Santo, como aliás é comum em todas as ilhas dos Açores haver espaços que invocam a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, sejam lugares, ermidas, capelas ou hospitais.

De acordo com o orador há, pelo menos, “duas possibilidades para o Espírito Santo ter sido titular nas Lajes”: ou alguém, pessoalmente, sugeriu que assim fosse ou um grupo de pessoas juntou-se para fazer alguma obra de misericórdia(hospital ou outrem).

Depois, o sacerdote falou da tensão existente entre dois prelados diocesanos e os locais realtivamente às festas e a forma como foram sendo ultrapassados com base “no respeito”, que ainda hoje perdura.

O Vigário Geral da Diocese, especialista no Culto do Divino Espírito Santo, tema da sua tese de doutoramento, terminou a conferência com uma explicação sobre a existência de dois tipos de bandeiras do Espírito Santo Nas Flores.

Como se sabe, a bandeira é uma das insignias deste culto, a par da coroa e do cetro, e elas têm funções diferentes. A bandeira branca, que não é objecto de veneração como a bandeira vermelha, que acompanha de perto a coroa, existe devido a um voto de pão alvo feito em tempos antigos. Como havia receio de que o voto fosse esquecido, resolveram que arranajriam, a par da bandeira vermelha, uma branca, para que, olhando para ela , não se esquecessem do voto. Mais tarde, esta mesma bandeira foi associada aos foliões.

A conferência foi aberta pelo Ouvidor Eclesiástico da ilha, Pe Ruben Sousa, que aproveitou a ocasião para lançar o novo ano pastoral cujo tema é “Reavivar a Misericórdia”.

Depois da conferência, em dia do Espirito Santo e da Missa votiva do Espírito Santo, 1º titular da paróquia das Lajes, concelebrada por todos os sacerdotes da ouvidoria seguiu-se o cortejo do Espírito Santo, com todos os presentes, até à casa do Povo, onde 12  grupos de foliões da ilha interpretaram um canto tradicional ao Divino, acompanhado pelo tambor e pelos testos. Um momento muito participado e pioneiro na ilha, uma vez que cada grupo de foliões só costuma cantar na sua freguesia própria. Segundo informações obtidas pelo Sítio Igreja Açores não consta que, até hoje, se tivessem juntado todos os grupos alguma vez.

O dia contou, ainda, com um concerto de orgão, na Matriz das Lajes, pelo organista da Sé, Nelson Pereira.

 

(Com a colaboração de Jacob Vasconcelos)

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