Francisco antecipa temas em discussão no próximo Sínodo dos Bispos
O Papa Francisco disse hoje que a simplificação dos processos de nulidade matrimonial é diferente de um “divórcio católico” e sublinhou que a “indissolubilidade” vai ser sempre a doutrina da Igreja.
“O divórcio católico não existe, a nulidade é reconhecida se não houve matrimónio, mas se houve, é indissolúvel”, disse aos jornalistas, no voo de regresso dos Estados Unidos da América.
“Na reforma dos processos de nulidade matrimonial, fechei a porta à via administrativa, através da qual podia entrar o divórcio. Quem pensa em divórcio católico está errado”, acrescentou.
Francisco explicou que a reforma jurídica visa agilizar os processos, eliminando a necessidade de uma “dupla sentença”, mas a doutrina continua a ser a do matrimónio como Sacramento “indissolúvel”.
“Isto é algo que a Igreja não pode mudar, é doutrina, é um Sacramento indissolúvel. O processo judicial serve para provar que aquilo que parecia um sacramento não era sacramento”, precisou.
A este respeito, deu o exemplo dos casamentos “à pressa”, quando a noiva estava grávida, para “salvar as aparências”.
“Alguns deles correram bem, mas não há liberdade”, observou.
O Papa antecipou também um dos temas mais mediatizados do próximo Sínodo, a situação dos católicos divorciados que se voltaram a casar pelo civil.
“Parece-me simplista dizer que para estas pessoas a solução é a possibilidade de aceder à Comunhão. Não é a única solução”, alertou.
Francisco recordou que, além destas situações, há um conjunto de novas questões, como a dos jovens que não se querem casar ou o tema da “maturidade afetiva”.
“Para ordenar um padre há uma preparação de oito anos, mas para casar-se por toda a vida fazem quatro encontros de preparação matrimonial”, exemplificou.
Francisco comentou ainda a reforma da saúde promovida pelo presidente norte-americano Barack Obama, que poderia obrigar instituições católicas a práticas contrárias às suas convicções sobre o aborto e o planeamento familiar, bem como sobre os casos de funcionários que se recusaram a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
“A objeção de consciência é um direito. Se impedimos uma pessoa de fazer objeção de consciência, negamos-lhe um direito”, advertiu, sublinhando que isso se aplica também aos trabalhadores de qualquer Governo.
Historicamente, disse ainda, esse direito foi negado a fiéis de outras religiões que eram obrigados a escolher entre a “espada” ou o “batismo”.
O Papa respondeu a 11 perguntas, durante mais de 45 minutos.
CR/Ecclesia