Por António Rocha *
De assunto tão falado e considerado, porque o é verdadeiramente, calamidade mundial com epicentro na europa, eis que chega a hora de agir. Por norma teorizamos, condoemo-nos e ajudamos os que estão perto, assim como os que estão longe, enviando géneros, roupas, dinheiro; fazendo vigílias, orações, marchas… Desta feita, nada chegará aos necessitados de longe, os necessitados de longe chegarão a nós. Provenientes de contextos geográfico/socio/religioso/culturais tão diferentes, vêm havidos de paz, de acolhimento, de sossego, porventura do sossego que nunca tiveram e da paz que nunca aprenderam a construir. Vêm famintos de um pedaço de espaço que lhes mate a fome de dignidade. E agora, que fazer? Como agir? Por norma, associado à novidade vem o receio, o medo, que é, nesta primeira abordagem, tudo aquilo que temos de por de lado, para atuarmos como sempre, abrindo as portas do nosso coração para deixar fluir a caridade que é o amor ao serviço, o amor tornado a prática do comumente teorizado, o amor incarnado (imigrado).
Neste nosso pequeno recanto de grandes corações consideremos também a hipótese de servir, dentro das nossas possibilidades e de acordo com as nossas responsabilidades de cidadãos corresponsáveis por um mundo melhor. Aceitemos o outro apenas como o irmão peregrino que chega faminto de tudo.
A partir deste pequeno texto pretendo, apenas, deixar o apelo à necessária sensibilização social para esta novidade do servir. Urge concertar esforços, confluir dinâmicas e criar parcerias entre instituições, não perdendo, no entanto, o vislumbre do real objetivo: servir quem vem e não apenas avaliar qualitativa e quantitativamente quem serve. A par deste repto consideremos também o de poder auxiliar o próximo sem recorrer a “selfies”, câmaras, noticias ou todo o tipo de propagandas e/ou autopromoções fúteis.
Marquemos o nosso tempo disponibilizando tempo para servir.
- António Rocha é diácono e professor de Educação Moral e Religiosa Católica