«Há a preocupação de que do Sínodo resulte alguma coisa», diz delegado de Portugal

D. Antonino Dias apresentou no Vaticano a perspetiva da Conferência Episcopal sobre a Família e os Leigos

O presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF) afirmou em Roma que do Sínodo sobre a Família deve “resultar alguma coisa” e assumiu que “é difícil implementar no terreno” os desafios traçados para a Pastoral Juvenil.

D. Antonino Dias participou nos encontros da Conferência Episcopal Portuguesa com os Conselhos Pontifícios para a Família e para os Leigos, que se realizaram esta sexta feira no âmbito da visita ‘ad Limina’ que os bispos de Portugal estão a fazer ao Vaticano.

O presidente da CELF referiu, a respeito da assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, marcada para outubro, que está a decorrer um tempo de “reflexão”.

“Estamos a caminhar, neste tempo de reflexão, de preparação para que depois alguma coisa saia”, referiu o também bispo de Portalegre-Castelo Branco.

“O Santo Padre quer que no Sínodo se fale abertamente, sem medos, sem receios. Estamos dentro desse processo e aguardamos com esperança que alguma coisa resulte”, acrescentou.

D. Antonino Dias vai participar como delegado, com D. Manuel Clemente, no Sínodo que decorre a partir de 4 de outubro no Vaticano; antes vai estar no Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia (EUA), que o Papa vai encerrar a 27 de setembro.

“São sempre encontros muito positivos para quem participa e também para quem, mesmo ficando nas suas dioceses, assumiu a preparação à distância refletindo sobre as catequeses que o Encontro Mundial proporciona”, disse o presidente da CELF.

D. Antonino Dias comentou também a preocupação do Papa Francisco pela “debandada da juventude”, expressa esta segunda-feira no discurso dirigido aos bispos de Portugal no início da visita ‘ad Limina’.

“É um facto. A palavra não é bonita, mas é uma realidade que há um afastamento. Por outro lado também há muitos jovens que aderem e se sentem felizes e são capazes de ter o encontro pessoal com Cristo, de uma forma consciente e verdadeira, que oriente toda a sua vida, e são capazes de projetos definitivos para as suas vidas”, referiu o presidente da CELF.

Para D. Antonino Dias, “tem que se passar de um sistema de escola para um sistema de catecumenado, de aprendizagem, que não é só intelectual, mas vida”.

“É sempre difícil implementar as linhas que estão tratadas e não é por falta de orientações que as coisas não acontecem. Mas porque é difícil implementar, no terreno, essas exigências e os desafios que nos são postos”, recordou.

“A Comissão Episcopal estimula, incentiva, mas necessariamente tem de ser feito nas dioceses e nas paróquias”, concluiu D. Antonino Dias.

Esta manhã, parte da delegação portuguesa reuniu-se com organizações do Vaticano que estão a preparar o acolhimento dos refugiados.

O presidente da Comissão Episcopal e Mobilidade Humana (CEMH), D. Jorge Ortiga, afirmou que acolher refugiados não traz sacrifícios, mas será ocasião para “experiências maravilhosas”.

“Os portugueses não ficarão sacrificados porque ao cuidarmos dos outros iremos encontrar motivos, mesmo junto das entidades autárquicas e governamentais, para cuidarmos dos nossos”, afirmou D. Jorge Ortiga.

O presidente da CEMH visitou esta quinta-feira os Conselhos Pontifícios Justiça e Paz e para os Migrantes e Refugiados, no âmbito da visita ‘ad Limina’ que os bispos portugueses estão a realizar ao Vaticano, e tomou conhecimento das orientações que estão a ser preparadas para propor aos países europeus o acolhimento de refugiados.

“Na questão dos refugiados temos dois momentos: a emergência e depois proporcionar às pessoas estabilidade”, disse D. Jorge Ortiga, adiantando que “o povo português tem um coração muito acolhedor e fará experiências maravilhosas”.

“O povo português tem um coração muito grande. Temos muitas e graves necessidades na habitação, na alimentação e no trabalho. Mas nestas ocasiões, essas pessoas, que são seres humanos como nós necessitam ainda mais do que aqueles que aqui se encontram”, afirmou o arcebispo de Braga, em declarações aos jornalistas.

A visita ad limina dos bispos portugueses a Roma termina amanhã

CR/Ecclesia

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