35 docentes das ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge e Pico participaram numa ação de formação sobre novos programas e manuais
Em vésperas da abertura de mais um ano letivo, 35 professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) nos Açores participaram esta semana numa ação de formação promovida em parceria pelo Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Escolar e a Escola Secundária do Nordeste, que é entidade formadora.
“Foi uma ação muito participada onde procurámos que todos os professores independentemente de lecionarem este ou aquele ciclo se inteirassem de todos os conteúdos e manuais de forma a que a qualquer momento que sejam chamados possam responder da melhor forma possível”, disse ao Sítio Igreja Açores o Díácono António Rocha, formador e também docente de EMRC.
“Da análise que fizemos há uma avaliação positiva das alterações e dos novos materiais mas lamentamos a existência de linguagem menos adequada à nossa realidade”, sublinha o formador lembrando que há questões “da religiosidade popular açoriana que deveriam ser mencionadas em alguns conteúdos”.
Por isso, acrescenta, “julgo que teria sido útil que alguém dos Açores tivesse integrado a equipa que fez os programas e os manuais”, com “claras vantagens para os nossos alunos pois se eles quando estudam uma unidade letiva veem referências semelhantes às suas naturalmente que se sentirão mais motivados”.
As escolas açorianas são as que no contexto nacional registam o maior número de inscritos na disciplina de EMRC (mais de 15 mil alunos do primeiro ciclo ao ensino secundário) e atualmente lecionam a disciplina, cerca de 70 docentes. O Corvo continua a ser a única ilha do arquipélago que não oferece esta disciplina em qualquer nível de ensino.
Os docentes aplaudem as mudanças registadas “quer ao nível dos conteúdos quer ao nível da sequência das unidades temáticas”, que constitui de resto a grande mudança destes novos manuais.
“Todos os manuais foram revistos, embora uns com mais alterações do que outros” refere o formador lembrando que por exemplo, ao nível do segundo ciclo “houve sobretudo alteração na sequência das unidades temáticas”.
No primeiro e no terceiro ciclos e no secundário as alterações “são mais evidentes, não só no jogo das unidades nomeadamente a troca sequencial mas também na supressão de algumas unidades e na reformulação de outras, tendo-se registado nalguns casos a condensação dos conteúdos permitindo que o trabalho não seja tão extenso”.
Acresce, diz António Rocha, que “não havendo nesta disciplina um manual do professor” isso permite “um trabalho mais próximo ainda entre o aluno e o docente que devem construir as suas próprias sínteses”.
Durante este período de formação, além da análise dos conteúdos e dos novos materiais, os docentes refletiram também sobre o papel do professor da EMRC na escola, sublinhando a importância do acolhimento.
“Este professor não é igual aos outros. Isto quer dizer que ele não é nem melhor nem pior, deve ser diferente, porque além do trabalho igual ao dos outros professores deve ser alguém que acolhe, que escuta e que está presente, mesmo fora da aula de educação moral e religiosa católica, no corredor, no bar, no refeitório”, diz António Rocha destacando “a sensibilidade que, por norma, estes professores devem ter”.
Daí que o “nosso apelo vá no sentido destes colegas de aplicarem e se envolverem em todas as atividades da escola”.
“Esta disciplina tem validade na escola; é importante e por isso o professor também deve contribuir para reforçar essa importância porque é esta intervenção que marca a diferença e isso tem sido reconhecido ao longo dos anos pelos pares, pelos alunos e mesmo por aqueles que acham que a disciplina não deveria ser lecionada”, finalizou o docente.
Entre os professores presentes estavam 7 sacerdotes e uma religiosa do Colégio de São Francisco Xavier, em Ponta Delgada, uma escola privada católica, que este ano vai voltar o oferecer o segundo ciclo, depois de mais de três décadas sem este nível de ensino.
(notícia corrigida dia 5 set, 8h30)