Pastoral da Saúde celebra eucaristia de Natal no Hospital de Ponta Delgada

É a primeira vez que os funcionários do Hospital do Divino Espírito Santo se reúnem para uma eucaristia de Natal. A celebração tem lugar no dia 19, às 11h00.

Os funcionários do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, vão juntar-se pela primeira vez para assinalar o Natal com uma celebração eucarística, que se insere no âmbito da atividade do Serviço Diocesano de apoio à Pastoral da Saúde, que se realiza no próximo sábado, dia 19, pelas 11h00, na Capela da unidade de saúde.

 

Para assinalar a época natalícia, a equipa vai igualmente benzer uma série de figuras em miniatura do Menino Jesus, muitas delas embelezadas por voluntários e pelos próprios funcionários, que serão distribuídas pelos doentes no dia 15, a seguir à celebração dominical.

 

“Estes pequenos gestos são importantes para as pessoas que se encontram fragilizadas”, adiantou ao Portal da Diocese o responsável pela Capelania do Hospital do Divino Espírito Santo, Pe Paulo Borges.

 

As celebrações eucarísticas na capela do HDES são frequentes. Além da missa dominical, celebrada semanalmente, existe uma missa na primeira sexta feira de cada mês evocativa da memória dos que faleceram no mês anterior, que “é muito participada”, adianta o sacerdote pois “as pessoas sentem-se tocadas porque o hospital foi o último lugar onde o familiar viveu e de onde partiu”, conclui.

 

A preparação para o luto e a ajuda a encarar a morte “com a maior naturalidade possível” constituem dois grandes desafios para os quatro sacerdotes e os mais de 40 voluntários que prestam serviço na Capelania do HDES, que garante os serviços pastorais respondendo às necessidades existenciais, espirituais e religiosas dos utentes, das famílias e dos profissionais de saúde e que trabalha, também de forma articulada com os voluntários da Liga dos Amigos do Hospital.

 

“O nosso trabalho é muito bem aceite e, por vezes, não temos mãos a medir sobretudo porque o tempo de permanência no hospital é, felizmente, cada vez mais curto”, lembra Paulo Borges que lidera esta equipa reconhecida pelo Conselho de Administração do HDES.

 

Ajudar, Estar, Escutar, e colaborar na reconciliação do doente consigo próprio e com os outros são tarefas “hercúleas” para quem é humano. Nada que amedronte a equipa da Capelania pois são “preparados, treinados e formados para estar ao serviço das pessoas” recorda Paulo Borges referindo as inúmeras ações de formação que são ministradas quase mensalmente quer em temas de saúde “para evitar criar problemas” quer em termos pastorais.

 

“Não basta ter duas conversas; é preciso sermos profissionais em todos os sentidos” diz o sacerdote que há oito anos trabalha com doentes e com familiares, que “por vezes são os que precisam mais da nossa ajuda”.

 

O acompanhamento e a disponibilidade para ouvir são porventura “as duas chaves para o sucesso desta pastoral”, diz Paulo Borges que a compara quase a uma manta feita a partir de retalhos.

 

“Na hora de um problema grave temos de ser capazes de ouvir e ajudar a pessoa a reconstruir a sua vida e a reconciliar-se consigo e com os outros. Se o fizer o seu sofrimento ou mesmo a morte são vividos de forma mais natural” diz Paulo Borges que não esconde as suas dúvidas relativas às diferentes formas de tanásia perante o sofrimento e, sobretudo, a incapacidade da medicina para resolver determinadas situações.

 

“A vida não pode ser só uma questão biológica, mas se eu sou dono da minha vida biológica , estiver na posse de todas as minhas faculdades para discernir e cientificamente não houver mais nada a fazer, porque é que não poderei decidir?” questiona o sacedorte que acrescenta, de imediato, que a questão “é séria”, deve “ser muito bem” equacionada  e refletida e “a minha experiência diz-me que quando chegamos a esse ponto de decisão ninguém quer morrer. É o instinto da sobrevivência e essa é a vontade que tem de ser respeitada”, conclui.

 

Aliás, Paulo Borges cita mesmo Daniel Serrão, que foi presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida para dizer que “só poderá haver eutanásia caso a pessoa a peça; caso contrário é crime”.

 

Para o responsável diocesano pela pastoral da saúde trata-se de uma questão “de grande intensidade mas de baixa frequência” graças á evolução dos cuidados paliativos que têm sido uma resposta ”muito eficaz” a este debate. Mostra-se, no entanto, satisfeito com a legalização das diretivas antecipadas de vontade, conhecidas como o testamento vital, que “em regra nunca são totalmente observadas na medida em que as circunstâncias são sempre posteriores à vontade manifestada previamente”.

 

Mensalmente a capelania do HDES acompanha entre 100 a 150 pessoas e está presente em todas as atividades do Hospital, desde a Comissão de ética, à de cultura até ao grupo de experiência do doente que acompanha o paciente desde a hora que ele entra no HDES até à hora da saída. Este apoio religioso católico é o único que “reside” permanentemente no Hospital, embora todos os pacientes ou familiares que requeiram uma das 20 igrejas existentes em São Miguel tenham acesso à sua ajuda.

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