Religiosa da CONFHIC pede aos jovens que sejam “ousados” e se “emprenhem na construção de um mundo melhor”

Irmã Elvira Berbereia apresentou a Encíclica Laudato Si aos jovens do multi-festival ZARPAR

Os jovens devem estar ”na linha da frente” no “combate por um maior cuidado da Casa Comum”, como desafia o Papa, disse este domingo à tarde a religiosa, Irmã Elvira Berbereia, da Congregação das Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição(CONFHIC), durante a apresentação do texto da Encíclica Laudato Si.

Numa interpelação direta aos jovens participantes no multi festival Zarpar, que decorreu este fim de semana na Lagoa, na ilha de São Miguel, a religiosa pediu-lhes que “agarrassem esta oportunidade para construírem uma vida diferente através de pequenos gestos que podem fazer uma enorme diferença no futuro”.

“Bem sei que os governantes têm mais poder mas se cada um de nós fizer a sua parte e cumprir com a sua responsabilidade o mundo será necessariamente diferente” disse a religiosa franciscana, sublinhando que apesar “do momento atual ser de grande dificuldade e de grande relativismo há sempre a esperança fundada no enorme amor de Deus”.

A Irmã Elvira Berbereia apresentou a Encíclica de forma estruturada, mostrando os conteúdos de cada um dos seis capítulos, distribuídos por 246 pontos de reflexão e fez, sempre que pode e que se justificava, o paralelismo entre o pensamento do papa Francisco e o de São Francisco de Assis, o “exemplo por excelência do cuidado pelo outro, sobretudo pelo que é mais frágil”.

“Tal como São Francisco de Assis, também o Papa capta nesta Encíclica a profundidade do Deus criador”, que tudo criou e por isso tudo irmanou, a preocupação com a natureza, com a justiça com os mais pobres e o empenhamento pelo desenvolvimento social.

A religiosa destacou a importância desta “nova” linguagem assente numa ecologia integral, em que homem e natureza possam viver lado a lado complementando-se, sem se destruírem.

Para a Irmã Elvira Berbereia “o maior problema da terra é o homem ser suficientemente poderoso para a destruir e ter pouca capacidade para a defender e preservar”.

Ressalvou a importância de estar a fazer a apresentação desta Enciclica num convento franciscano; a “sensibilidade franciscana do Papa Francisco” e a necessidade de o acompanharmos na sua reflexão e nas propostas de ação, porque “temos de viver neste mundo porque é a casa de Deus feita para nós”.

“Este texto, inspirado noutros documentos da igreja (Bento XVI e São João Paulo II, por exemplo) apresenta uma dimensão litúrgica da nossa relação com a natureza, que é o dom máximo dado por Deus aos homens”, referiu ainda a religiosa da CONFHIC, a congregação com maior dimensão a residir nos Açores onde constitui uma Provincia, espalhada por cinco ilhas.

Destacando a reflexão que o Papa faz na Enciclica sobre os perigos do Antropocentrismo- “quando o homem se coloca no lugar de Deus dá sempre mau resultado”-, da especulação financeira- “que agrava o fosso entre os pobres e os cada vez mais ricos e poderosos”-, a falta de transparência das organizações e do mundo empresarial- “que leva a rugas no coração que escondem o essencial”- e o poder “exacerbado” das novas tecnologias que “nos escravizam”, Elvira Berbereia voltou a dirigir-se aos jovens pedindo-lhes que não “se deixassem escravizar pelo consumismo, pelas novas tecnologias ou pela moda”.

“O mundo precisa de perdão e de misericórdia mas para isso precisamos de ter o nosso coração completamente limpo seguindo sempre a máxima do santo de Assis “Quanto menos tanto mais”, porque “quem dá ao outro sente-se bem e recebe sempre mais”.

A apresentação da Encíclica Laudato Si abriu o último dia do multi festival jovem ZARPAR, organizado pela pastoral juvenil da ouvidoria da Lagoa, que contou, ainda com a realização de três workshops- Despertar da Fé, evangelizar bébés pelas Irmãs de São José de Cluny; Rezar com a Bíblia, com Claudine Pinheiro e Salvaguardar o Património Paroquial com Joana Simas.

O multi festival ZARPAR encerrou com quatro concertos dos quais se destaca Vânia Fernandes e Luís Sousa.

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