Pe Pedro Coutinho presidiu à concelebração da Missa de Envio de missionário do Caminho Neocatecumenal
Sete comunidades do Caminho Neocatecumenal da ilha de São Miguel participaram este sábado à noite na Missa de Envio do jovem João Ponte que parte esta semana para o Chile numa missão da itinerância do Caminho.
A Eucaristia, presidida pelo ouvidor da Lagoa e pároco da paróquia do Cabouco, Comunidade Neocatecumenal de origem do jovem engenheiro agrónomo, de 26 anos, foi concelebrada por Monsenhor António da Luz e pelos padres José Encarnação Cabral e Eduardo Sousa e pelo diácono Jordão Faúlha, seguiu a orientação esquemática do Caminho e foi bastante participada, procedendo-se à bênção especial de envio, com a entrega de uma Cruz, simbolizando o caminho trilhado por Jesus e que deve ser o exemplo inspirador para todos os neocatecumenais.
Durante a homília e a seguir a várias meditações protagonizadas pelos próprios membros do Caminho, depois de escutadas as leituras e da proclamação do Evangelho, o Pe Pedro Coutinho colocou o acento tónico na “importância” e “na especificidade” da missão de evangelização que se coloca a todos os cristãos e, muito particularmente, ao jovem João Ponte que agora parte com uma missão específica para o Chile, depois de ter estado quatro meses no sul de Espanha.
“Perante a nossa enorme capacidade para nos instalarmos o Senhor está sempre a desafiar-nos confiando-nos novas missões”, disse o sacerdote lembrando que, no entanto, só “é verdadeiramente missionário quem se deixa despojar” e “abre o seu coração a outras prioridades”.
Apartir do Evangelho, o Pe Pedro Coutinho, sacerdote dehoniano, também ele missionário, tendo já passado por várias experiências missionárias na Índia e em Madagáscar, por exemplo, lembrou que “o missionário é aquele que chega sem ser anunciado, sem dinheiro, sem comida, sem poiso para dormir e se entrega à providência divina, que nunca falha”.
“Não leves alforges, nem dinheiro que nada te faltará”, disse o sacerdote sublinhando que, por vezes, “esta entrega” é “difícil de compreender” por parte dos outros, mas “quem é tocado e se deixa realmente tocar percebe”.
Este convite à desinstalação é para o sacerdote “não um exercício para nos por à prova” mas para mostrar “como Deus pode tudo”.
Durante a celebração foram feitas várias partilhas. Entre elas a do Pai do jovem neocatecumenal que considera esta missão do filho “como uma manifestação do que o Senhor faz nas nossas vidas, mesmo quando nós menos esperamos ou sequer imaginamos”.
A seguir à celebração houve um convívio.
João Ponte parte para o Chile, para integrar uma equipa itinerante de catequese do Caminho Neocatecumenal, respondendo a uma missão do Caminho a que pertence, “porque foi esta a vontade do Senhor que para já foi isto que me confiou”.
Natural da Lagoa, na ilha de São Miguel, este engenheiro agrónomo, formado em Santarém, partirá a 17 de julho para Santiago do Chile e no dia 20 tem agendada a sua primeira reunião.
“Não sei o que vou encontrar mas não estou nada preocupado. Sei que o Senhor de tudo se encarregará e fará o melhor por mim” diz o jovem que deverá integrar uma equipa de catequistas itinerantes que acompanha as nove comunidades neocatecumenais existentes no país.
Estas equipas, habitualmente são compostas por um casal, por um padre e um jovem leigo. Ocupam-se da “Evangelização pura e dura através das catequeses” de acordo com um itinerário esquematizado pelo Caminho.
“Não consigo antecipar o que posso ou o que vou fazer ao certo nem onde e como vou viver ou sequer do que vou viver. O Senhor se encarregará de tudo e o que tiver é Ele que me dá”, diz.
Questionado como sentiu de novo este apelo para a Missão diz que não consegue explicar; ou melhor, “a escolha não foi minha mas de Deus”.
Sobre o Chile conhece “alguma coisa” mas isso também “não é importante porque o Senhor conduzir-me-á em todos os momentos”, diz ainda lembrando que o espirito “é que deve ser no essencial o mesmo em todas as missões: obediência e respeito pela regra”.
Vai com bilhete de ida e volta mas “só por causa do visto” pois quando “ se parte para uma missão nunca se sabe quando é que ela acaba”.
“Para já a vontade do Senhor é eu estar no caminho primitivo; a vocação é o carisma primitivo e é essa que eu sigo”. E, questiona: “se Ele aprendeu a obediência pelo sofrimento e morreu crucificado por mim, quem sou eu para não ter sofrimento algum? O segredo está em perceber o que o que Ele me quer dizer com esse acontecimento”, conclui.
O Caminho Neocatecumenal ao “ajudar” os cristãos a “fazerem uma verdadeira iniciação cristã faz com que muitos deles descubram também a sua vocação na Igreja” e “a disponibilidade para a missão aparece nesta caminhada, sobretudo, como uma resposta agradecida às graças de Deus recebidas”, lembra a equipa itinerante de catequistas da Diocese de Angra, aquando do envio de João Ponte para Huelva.
O jovem lagoense é o segundo elemento que as comunidades neocatecumenais dos Açores dão para as missões evangelizadoras. Recordo que em setembro passado, uma açoriana de 25 anos, Sara Ferreira pertencente a uma das três comunidades de São José, partiu para a Mongólia, para uma missão ad gentes.
O Caminho Neocatecumenal nasceu há 50 anos em Espanha, por iniciativa do pintor e músico Kiko Argüello e da missionária Carmen Hernández e é reconhecido pela Igreja Católica como “um itinerário de formação católica válido para a sociedade e os dias de hoje”, assente em três pilares fundamentais: a palavra de Deus, a Eucaristia e a vida em comunidade.
Atualmente o Caminho Neocatecumenal está implantado também em algumas nações tradicionalmente não cristãs, como China, Egito, Coreia do Sul e Japão.
No que respeita à missão ad gentes, o grupo católico conta atualmente com mais de 230 famílias a trabalharem em 52 cidades.
Nos Açores o Caminho Neocatecumenal entrou pela “ mão” de D. António de Sousa Braga, em 2004, e está “instalado” em sete paróquias onde existem 14 comunidades neocatecumenais, nas ilhas de São Miguel (7) e da Terceira(6) e a mais jovem no Pico.