Os dados resultam de um inquérito às paróquias para avaliar o estado de conservação dos imóveis da Diocese, que representam 95% do património arquitetónico do arquipélago.
29 igrejas e 21 ermidas registam problemas graves de conservação ao nível dos edifícios e 10 precisam de uma intervenção profunda nos altares e retábulos, segundo os primeiros dados obtidos a partir dos inquéritos enviados às paróquias do arquipélago dos Açores pela Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja.
O objetivo é “avaliar de forma genérica” o estado de conservação do património cultural das igrejas da Diocese de Angra e identificar casos com necessidade de intervenção urgente, disse ao Portal da Diocese João Paulo Constância, membro da Comissão que assessoria o Bispo de Angra.
Nos Açores existem 217 igrejas, 290 ermidas, 32 conventos e 10 capelas, num total de 549 imóveis inventariados embora a Diocese, neste momento, só disponha de informação sistematizada sobre 58 igrejas e 30 ermidas, tantas quantas as que responderam ao inquérito da Comissão Diocesana.
“Infelizmente foram poucos mas já temos uma ideia e o nosso objetivo é, a partir dos inquéritos, fazer uma base de dados que pode ser alimentada a qualquer momento”, refere João Paulo Constância.
Das 159 igrejas sem informação 112 são igrejas paroquiais.
O inquérito divide-se em quatro partes, com várias perguntas fechadas, de resposta simples e facilmente quantificável, onde se questiona os responsáveis sobre o estado de conservação do edifício, nomeadamente ao nível das coberturas, da cantaria, das portas e janelas, dos retábulos e altares e ainda do sistema elétrico.
Das igrejas que responderam 16 (oito igrejas e oito ermidas) precisam de reparações nas coberturas, 9 exigem uma intervenção na cantaria e 14 nas portas e janelas.
Ao nível do património integrado há sete igrejas e três ermidas a necessitarem de “intervenção profunda” nos altares e retábulos.
No que respeita ao património móvel há 185 esculturas, 28 pinturas, 110 peças de ourivesaria e 177 de paramentaria e têxteis a necessitarem de um rápido restauro.
Há, também, nove arquivos e cinco bibliotecas cujos acervos necessitam de restauro, registando-se igualmente 21 igrejas sem condições para acondicionamento quer do arquivo quer de biblioteca.
“O desafio agora é encontrarmos soluções para resolver os problemas mais prementes e ajudar na concertação de posições para se reunirem os apoios necessários para a recuperação deste património” conclui João Paulo Constância.
Muitos destes edifícios são classificados e isso “pode facilitar a sua recuperação através de apoios públicos”.
A Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja é um órgão de consulta do Bispo de Angra e deve ser ouvida sempre que haja a necessidade de uma intervenção, seja emitindo um parecer prévio seja aconselhando obras específicas delineadas nos projetos de recuperação e restauro.
Neste momento, em São Miguel, decorrem duas obras de recuperação da Igreja Paroquial de Santo António, no concelho de Ponta Delgada e na Ermida do Socorro, na Candelária, também em Ponta Delgada. A Igreja das Capelas aguarda o inicio das obras para breve.