Por Monsenhor José Constância
No próximo dia 3 de Novembro a nossa querida Diocese de Angra nestas Ilhas dos Açores celebra 487 anos de existência. Estamos a 13 anos da celebração dos 500 anos da nossa Diocese. Que maravilha!
Lembrei-me de fazer uma pequena reflexão a recordar a riqueza da nossa Diocese como Igreja Local, bem como o peso da sua história. Assim:
A nossa Diocese é uma Igreja Local ou Particular com o mesmo valor das outras.
Teologicamente a nossa Diocese como Igreja Local ou Particular tem o mesmo valor das outras Dioceses de Portugal e de todo o mundo, em comunhão com a Diocese de Roma.
Para haver Diocese os elementos fundamentais são: O Espírito Santo, a Palavra, a Eucaristia, o Apóstolo(Bispo) e os Carismas.
A nossa Diocese tem vivido e bem estes elementos. O Espírito Santo; a proclamação da Palavra (Evangelização, Catequese=formação para a missão); a Eucarístia e os Sacramentos celebrados na comunhão eclesial; o Apóstolo, o Bispo e os dons ou carismas são para bem de todo o povo. Verdadeiramente incarnada no mundo cultural e social dos Açores, a nossa Diocese ao serviço do Reino de Deus nas nossas Ilhas, tem a sua história cristã e valiosa num território descontínuo como o nosso. Todas as Dioceses valem o mesmo, embora cada uma tenha acontecimentos e circunstâncias históricas de maior ou menor peso. Não há Dioceses de primeira, nem Dioceses de segunda, mesmo que sejam arquidioceses ou sedes metropolitas. Por vezes, há a ideia de que a Diocese de Angra, sendo isolada e descontínua, tem menos importância eclesial e é como se fosse de um isolamento clandestino no seu viver.
Na nossa Igreja Local há o “todo” da Igreja, mas não há a Igreja toda, porque esta só está na comunhão de todas as Igrejas e destas com Roma.
O Significado Permanente do Vaticano II na nossa Caminhada Sinodal hoje
O Século XXI será o Século da Sinodalidade na Igreja Católica e já agora é um caminho de regresso ao espírito, á vivência e á prática pastoral renovadora do Concílio Vaticano II. O significado atual e permanente do Concílio Vaticano II acontece agora naquilo que é a vivência da Sinodalidade. A nossa Caminhada Sinodal Diocesana que já inicia o terceiro ano, junta-se com o Caminho Sinodal de toda a Igreja que agora a partir deste Outubro tem a sua fase diocesana em todo o mundo, rumo ao Sínodo em Roma em 2023 sobre; “a Sinodalidade: comunhão, participação e missão».
Vivemos há quase sessenta anos com entusiasmo também aqui nos Açores o Concílio como acontecimento único. Vivemos um pós-concilio de avanços e recuos, de perturbações e de acontecimentos vários. Destaco três que contribuíram para a realização do significado sempre permanente do Vaticano II: O Congresso de Leigos (1992) o plano de ação pastoral (aprovado em 1994) e sua concretização ao longo dos anos; e agora a Caminhada Sinodal e depois nesta década o nosso Sínodo Diocesano.
A nossa Diocese com 487 anos á espera do seu quadragésimo Bispo
Celebramos as vésperas dos 487 anos da nossa Diocese a manifestarmos a nossa comunhão eclesial e gratidão ao trigésimo nono Bispo, Senhor D. João Evangelista Pimentel Lavrador que esteve connosco seis anos, é agora nosso Administrador Diocesano e que em breve nos deixará.
A nossa Igreja Local entra num Advento de oração, de reflexão cristã e de esperança acolhedora para com aquele que será o quadragésimo(40) Bispo de Angra nestes Açores.
O Bispo não é o tudo na Diocese, mas forma um todo com a Diocese. Sem Bispo não há Diocese. Ele é o Apóstolo por excelência que como sucessor dos Apóstolos com toda a sua Igreja e seu Presbitério é garante da comunhão eclesial na certeza da apostolicidade. A nossa Igreja é Apostólica.
Queremos um Bispo, pastor que ajude a nossa Igreja a crescer evangelicamente, disciplinada na ascese apostólica, mas garante da tradição eclesial que vem desde o princípio e que faz acontecer agora a Igreja como caminho de encontro com Cristo na transformação humana e cristã destas ilhas. O nosso novo Bispo vindo de fora ou da nossa comunidade diocesana ajudar-nos-á muito.
O certo é que do nosso presbitério diocesano nem para o Continente nem para o Açores tem sido alguém escolhido para Bispo. Pobreza nossa ou riqueza real que não nos é reconhecida?!
Que venha em breve um Bispo para todo o povo de Deus que é a Igreja de Cristo nestas Ilhas!
- Monsenhor José Constância é o diretor do Instituto Católico de Cultura e ouvidor de Ponta Delgada