2025…ANO DE PAZ?

Por Francisco Maduro Dias

Maduro Dias, presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz

O ano de 2025 está à porta.

Podemos sempre dizer que os dias são iguais uns aos outros e que se trata de uma convenção humana, porventura sem sentido, mas, se olharmos a natureza e tudo o que nos rodeia, percebemos que, afinal, há uma espécie de roda universal que gira, devolvendo-nos a Primavera, de doze em doze meses.

O nome Primavera é, efectivamente, uma convenção, herdada dos povos clássicos mediterrâneos, mas o renovar das folhas, a amornar das manhãs, os dias progressivamente mais longos, empurrando a noite e o escuro para um espaço mais estreito e curto, é muito mais do que convenção. É realidade palpável, progressiva, crescente, evolutiva, criando condições para aquilo que os estudiosos da antiguidade e dos seus mitos chamaram de “mito do eterno retorno”.

Sendo verdade que nunca regressamos, também é verdade que damos a volta e que sentimos uma incrível e forte vontade de renovar, de reiniciar.

Decididamente, entramos com o pé esquerdo em 2025. O direito da força parece impor-se, com toda a violência, sobre a força do direito, tornando as ideias de justiça, de rectidão, e de solidariedade, num desejo cada vez mais desejo e cada vez menos verdade.

O modelo posto de pé, em 1945, depois da enorme devastação que foi a Segunda Grande Guerra, baseado nas Nações Unidas, deu azo a que, pelo menos na Europa, não se combatesse tanto, o que não quer dizer que o Mundo vivesse em paz. Recordemos, por exemplo, as guerras no Sudoeste asiático, em muitos e diversos pontos de África subsaariana ou na costa mediterrânica, as guerrilhas ferozes nas Américas do Centro e do Sul, ou, também, as guerrilhas urbanas que deram origem a tantos e tantos atentados, na própria Europa.

(Isto de gostar de História é quase um pesadelo, acreditem!)

Uma falsa paz, como se vê, tanto que o termo que os historiadores e politólogos acabaram por criar e usar é Guerra Fria. Um tempo em que, por muito que muitos tenham protestado, as armas continuaram a ser, sempre, fabricadas e melhoradas, forçando as economias a nunca esquecer a sua existência e necessidade. Guerra fria, melhor que as quentes? Sem dúvida! Pelo menos as armas estiveram mais caladas, junto das nossas portas.

A questão é que, se a guerra mudou de aspectos e modos, não mudou de intenção. Se, agora, temos drones e ataques informáticos, âncoras no Báltico que destroem cabos, “inocentes” navios de pesca ou outros que fazem o mapeamento das nossa comunicações vitais… se, agora de modo mais sofisticado, mas tal como antes, se escrevem mentiras e se proclamam falsidades, na Internet, como, antes, nas folhas volantes e pasquins de esquina, o admirável e lamentável mundo d’O Triunfo dos Porcos de Orwell continua a proclamar, para quem queira ouvir, que “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros”.

Em 2025, seremos todos chamados, como nos anos anteriores, mas talvez com maior responsabilidade e de modos muito diferentes, a afirmar se queremos, algo mais do que calar as armas como nos começam a propor. Suspeito que, mais uma vez, teremos a tentação do conforto dos pés quentes.

No entanto, a Paz não se constrói com servidão nem submissão! Isso é o silêncio! A Paz constrói-se com Solidariedade, com Misericórdia, com Perdão! Sobretudo com um sentimento tão esquecido, chamado Concórdia.

Que cada um possa, queira, e faça, o que puder à sua volta, a favor disso.

Um 2025 o melhor possível, para todos!

Scroll to Top