D.António de Sousa Braga solidário com vítimas dos atentados, condena atuação terrorista
O momento é de “grande consternação” mas o “medo” de novos atentados não “nos deve fazer abdicar dos nossos referenciais de liberdade” disse esta tarde o Bispo de Angra no regresso à diocese depois de ter estado a participar na 188ªassembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
“É um momento de grande preocupação e que põe em causa o modus vivendi da europa, como uma sociedade aberta” diz D. António de Sousa Braga reconhecendo que estes valores “favorecem a ação dos terroristas que circulam livremente” mas “que isso não nos deve fazer desistir dos nossos valores”.
“A nossa civilização baseada em valores cristãos apela ao diálogo e tem como pressuposto base a liberdade. É isto que tem de vencer e que nós temos de ter a capacidade de fazer vingar, não o ódio “ sublinhou o prelado diocesano.
“É uma facto que o terrorismo organizado tem tirado partido desta nossa abertura que é um exemplo que deve ser mantido e não abandonado por causa do medo”, acrescenta ainda frisando que a “ Europa tem de ser capaz de manter estes valores, lutando e impedindo que outros atos terroristas possam pô-los em causa”.
“O modelo cristão da europa é um modelo de diálogo e, por isso, não podemos dar resposta à violência com mais violência. A nossa resposta tem que ser baseada no modelo cristão que sempre dominou o espaço europeu e sempre privilegiou a defesa da liberdade e das garantias dos cidadãos. Esta força não pode perder-se por causa do terror”, frisa ainda o Bispo de Angra.
Questionado sobre se estes atentados podem, de alguma forma, comprometer a disponibilidade de acolhimento dos milhares de refugiados na Europa, sobretudo provenientes do médio oriente, o prelado diocesano reconhece que a “tentação pode ser fechar as fronteiras mas essa não é a solução do mundo cristão”.
“Tem de haver o bom senso, mesmo correndo alguns riscos, não podemos deixar de ser uma sociedade de acolhimento”, diz lamentando, por outro lado, que a Europa “ainda não tenha sido capaz de ajudar estes povos nos seus países de origem. Essa é que era a boa resposta da Europa e que tarda em chegar”.
“A Europa com a sua experiência e os seus valores tem de ser capaz de falar a uma só voz e conseguir ajudar esses países a alcançarem a paz. De outra forma não lhe restará a alternativa senão acolher refugiados”, adianta.
“Sem dúvida que é uma situação difícil, que é preciso enfrentar com calma, sem perder os valores que a europa tem desde sempre”, conclui.
França sofreu esta sexta feira, os maiores atentados de sempre. Para já há cerca de 130 mortos e centenas de feridos. O Governo Francês decretou três dias de luto nacional e as fronteiras estão encerradas e os aeroportos vigiados, com reforço de segurança em todas as cidades francesas, mas particularmente em Paris.
D. António de Sousa Braga estará amanhã a celebrar no aniversário da paróquia das Quatro Ribeiras, na ilha Terceira.