D.João Lavrador preside às festas de Nossa Senhora de Fátima em Turlock
O bispo de Angra, que preside pela primeira vez a uma festa da comunidade açoriana da diáspora, disse esta noite em Turlock, na Califórnia, enquanto proferia a sua homilia, que apesar do progresso o mundo “nunca viveu tanta exclusão social”.
“O mundo de hoje marcado pelo progresso nunca viveu tanta exclusão social e tantas ameaças à vida humana. Deparamo-nos frequentemente com o desespero, com a angústia e com as ameaças constantes à vida humana”, disse D. João Lavrador, que presidiu à vigília de Nossa Senhora de Fátima, uma das festas mais importantes dos açorianos na costa oeste dos Estados Unidos.
“Paira no universo mundial a constante ameaça de destruição de povos contra povos e de desigualdades ameaçadoras da verdadeira convivência fraterna entre todos os homens” referiu o prelado para quem o progresso se manifesta “incapaz de oferecer ao ser humano as respostas últimas à sua dignidade e transcendência”.
Por isso, prosseguiu, a mensagem deixada por Nossa Senhora aos pastorinhos na Cova da Iria, há quase cem anos, continua a ter muita atualidade, porque “revelou o coração amoroso de Deus e a sua ternura para com os seus filhos, sobretudo os que se encontram mais afastados da comunhão com Ele”.
“Nossa Senhora interpela os pastorinhos para que reconheçam o coração misericordioso de Deus, o sofrimento que os pecados provocam em Jesus Cristo e o convite a entregarem-se através da oração e dos sacrifícios para que o Senhor não fosse mais ofendido” sublinhou D. João Lavrador destacando que esta mensagem “é de misericórdia”.
“Realmente, há uma sintonia entre a mensagem de Fátima e a revelação bíblica segunda a qual Deus é misericordioso e cheio de compaixão”, destacou.
“Em Fátima, Nossa Senhora veio alertar para as necessidades dos homens do nosso tempo, como se estão a afastar da verdadeira alegria e como teimosamente caminham para a sua destruição, porque progressivamente foram abandonando a Deus” disse ainda o bispo de Angra, lembrando, por outro lado que através dessa mensagem “convocou a humanidade “a fazer o que Jesus Cristo lhe disser”.
O bispo de Angra preside às festas de Nossa Senhora de Fátima em Turlock, na Califórnia, nos EUA, onde reside uma comunidade de açorianos, a quem leva a “fé e esperança” da mensagem mariana.
“Tudo aquilo que é religiosidade típica dos Açores seja ligada ao Santo Cristo, seja ligada ao Espírito Santo, seja a devoção a Nossa Senhora de Fátima está muito enraizada e muito ligada às comunidades açorianas na diáspora”, disse Em breve vai estar também em Fall River, onde está a primeira paróquia portuguesa da América do Norte, organizada em torno da Igreja de São João Batista, e nas cidades canadianas do Ontário e Toronto.
Segundo o bispo de Angra a “maior parte dos açorianos” está na diáspora e contabiliza que enquanto os residentes no arquipélago das nove ilhas “não chegará a 300 mil” na diáspora com ligação aos Açores e que “continuam a ter as tradições são mais de um milhão e 300 mil”.
D.João Lavrador explica que sente que é seu “dever também visitar e estar” com os naturais dos Açores nas manifestações “típicas do arquipélago ou da Igreja em Portugal” devido à “relação tão estreita” que eles têm com a sua diocese de origem.
Nos dias 1 e 2 de outubro, nas festas de Nossa Senhora de Fátima em Turlock, na Califórnia, o bispo de Angra, em primeiro lugar, quer “conhecer e estar” com os açorianos; afinal o “contacto humano é revelador da proximidade”.
No contexto da primeira visita às comunidades açorianas na diáspora, D. João Lavrador assinala que o ministério episcopal “é sempre um ministério missionário”, algo que experimenta na própria Diocese de Angra que corresponde ao Arquipélago dos Açores com as suas nove ilhas.
“O bispo nos Açores não está parado num sítio ou em cima de uma sede só por si, é itinerante por todas as ilhas”, concluiu, referindo que o arquipélago tem “sempre mais uma ilha que são aqueles que estão fora”.
O novenário da festa de Nossa Senhora de Fátima em Turlock, na Califórnia, nos EUA, foi pregado pelo padre Jacinto Bento, de São Pedro de Angra.
As tradicionais festas no início de outubro são promovidas pelos açorianos que residem em Turlock, e reúnem um cartaz religioso e sociocultural.